Reindustrialização

Trabalhadores voltam a ter centralidade na retomada da indústria naval

A Petrobrás precisa voltar a ter centralidade na reindustrialização, retomando a política de conteúdo local, cujo índice nas licitações de navios e plataformas já chegou a mais de 60% e hoje gira em torno de 25%

[Da imprensa da FUP]

A FUP participou nesta terça-feira, 14, da reunião do Fórum dos Trabalhadores da Indústria Naval e do Petróleo, realizada no Sindicato dos Engenheiros, no Rio de Janeiro. Com o compromisso assumido pelo governo Lula de fortalecimento da indústria naval, um dos setores que foi mais impactado pela operação Lava Jato, os trabalhadores querem voltar a ter protagonismo no debate de propostas para reerguer esse importante segmento da economia do país.

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O Fórum teve papel decisivo na retomada da indústria naval durante os anos 2000, contribuindo nos governos Lula e Dilma conquistas históricas, como a política de conteúdo nacional, o Programa de Modernização e Expansão da Frota Nacional de Petroleiros (Promef) da Transpetro, o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), entre outras políticas que foram fundamentais para a recuperação do setor.

A indústria naval brasileira, que nos anos 70 chegou a ser uma das maiores do mundo, foi desmontada nos governos neoliberais dos anos de 1990, chegando a ter pouco mais de 3 mil trabalhadores na virada do século. Após os programas e incentivos conquistados nos governos do PT, o setor chegou a empregar 80 mil trabalhadores diretos em 2014 e cerca de 400 mil, indiretos. Após a destruição econômica provocada pela operação Lava Jato, diversos estaleiros fecharam e a indústria naval perdeu mais de 60 mil postos de trabalho.

Na reunião do Fórum, a FUP enfatizou a importância da Petrobrás voltar a ter centralidade no desenvolvimento nacional, principalmente a partir da reconstrução da política de conteúdo local, voltando a demandar o setor naval para a construção de plataformas, sondas e equipamentos. Atualmente, o índice de conteúdo nacional nas licitações da estatal tem girado em torno de 25%, mas já chegou a mais de 60%.

“É fundamental retomarmos esse debate, pois a indústria naval é fundamental na geração de empregos e desenvolvimento nacional. Precisamos trazer para esse debate o fomento de tecnologias de ponta, a qualificação dos trabalhadores, envolvendo a Petrobrás, mas também outras empresas que demandam a indústria naval”, afirmou Sérgio Borges, diretor que representou a FUP na reunião.

Além de petroleiros, o Fórum envolve engenheiros, metalúrgicos, marítimos e outras categorias. A reunião contou com a participação da CUT, CTB, metalúrgicos do Rio de Janeiro, de Niterói, de Angra do Reis, marítimos e outras representações, como o Conselho Regional dos Técnicos (CRT).

“Já estamos cobrando um reposicionamento da Petrobrás para que volte a priorizar a política de conteúdo nacional. Esse debate, no entanto, tem que envolver outros setores, como ministérios, parlamentares e governos locais”, destacou Sergio. Ele lembrou que, segundo o plano estratégico da Petrobrás, já estão contratados 18 navios petroleiros para entrar em operação nos próximos quatro anos, mas nenhum deles está sendo construído no Brasil. “Nós trabalhadores precisamos articular nacionalmente essa luta para que voltemos a retomar e a valorizar a política de conteúdo local”, afirmou o diretor da FUP.