A gestão da Petrobrás vai distribuir aos acionistas, a grande maioria deles privados e estrangeiros, mais de 100% do superlucro de R$ 44,56 bilhões registrado no primeiro trimestre deste ano, cujo resultado se deve, principalmente, à política de preços abusivos dos combustíveis.
Apesar do controle acionário da empresa pertencer ao Estado brasileiro, o presidente da República, Jair Bolsonaro, nada faz para impedir que os gestores da Petrobrás continuem sangrando a população para satisfazer o apetite insaciável do mercado.
A estatal brasileira, que deveria ser gerida para atender aos interesses nacionais, entregará aos acionistas mais R$ 48,5 bilhões de dividendos, logo após eles já terem recebido R$ 101 bilhões relativos ao exercício de 2021.
O superlucro de R$ 44,56 bilhões da Petrobrás deste primeiro trimestre foi 38 vezes maior que o do mesmo período do ano anterior e traz a marca da inflação recorde dos combustíveis e da transferência de riqueza promovida pela política de paridade internacional de preços que Bolsonaro deixou intocável nestes quase quatro anos de (des)governo.
“O foco da Petrobrás hoje é gerar e distribuir valor, principalmente para acionistas privados. Para se ter uma ideia do que isso significa, os dividendos recordes que foram distribuídos em 2021 seriam suficientes para comprar uma refinaria do porte da Refap, da Regap ou da Repar”, alerta o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, lembrando que mais de 45% dos acionistas são investidores estrangeiros, com ações da Petrobrás nas bolsas de São Paulo e de Nova Iorque.
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“Os gestores da empresa socializam os investimentos e privatizam os lucros. Quem paga os dividendos para os grandes fundos de investimentos nacionais e internacionais é o povo brasileiro”, afirma o petroleiro. Enquanto isso, os consumidores são obrigados a pagar por uma das gasolinas mais caras do planeta e as famílias de baixa renda voltaram a cozinhar com lenha e carvão, diante dos preços exorbitantes do botijão de gás.
Só no governo Bolsonaro, de janeiro de 2019 a 1° de maio de 2022, a gasolina, nas refinarias, subiu 165,8%, o diesel 155,2% e o GLP 118,4%, levando o preço médio do botijão de gás de 13 quilos para acima de R$ 120,00. Isso porque os combustíveis são reajustados com base no Preço de Paridade de Importação (PPI), que segue as cotações internacionais do petróleo, variação cambial e custos de importação de derivados, sem levar em conta que 94% da produção de petróleo é nacional – ou seja, com custos em real.
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“Com essa política de preço, que tem impacto nefasto no custo de vida, a inflação cresce e a renda média do brasileiro cai”, afirma o coordenador da FUP. Ele alerta, também, para o impacto da alta da taxa de juros, que já está em 12,75% ao ano, uma das maiores do mundo: “é mais uma medida do governo federal que impede investimentos, geração de emprego e que retira renda da população mais pobre para os mais ricos”.
Abrasileirar o preço dos combustíveis
Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese/subseção FUP), com base nas informações dos relatórios de desempenho financeiro da Petrobrás de 2019, 2020 e 2021, mostra que a Petrobrás apresentou em 2021 um custo médio de extração de petróleo e produção de derivado de R$114,89 por barril e vendeu esse produto no mercado interno por R$ 416,40 o barril, garantindo, assim, lucro de R$ 301,51 por cada barril comercializado no país no ano passado. Na composição desses custos, entram as participações governamentais (royalties e participações especiais) e todos os custos operacionais (na extração do petróleo e refino).
O constante aumento nos preços dos derivados foi o maior responsável pela alta de 7,51% do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) de abril. A elevação dos combustíveis teve influência no custo de demais produtos, principalmente alimentícios, levando a inflação do mês passado ao maior patamar desde 1995.
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No dia 27 de abril, a Petrobrás comemorou o aumento na produção de petróleo e derivados apontado no relatório de produção e venda do primeiro trimestre de 2022. Houve recordes na produção de óleo e gás em campos do pré-sal; recorde de 56% de participação de diesel S-10 na produção total do derivado; e recorde de processamento de óleo pré-sal, além do aumento do Fator de Utilização (FUT) nas refinarias.
“Se a Petrobrás comemora recordes na produção, com o custo majoritariamente em real, por que a população segue pagando em dólar? É urgente abrasileirar o preço dos combustíveis”, ressalta Deyvid Bacelar.
[Da comunicação da FUP]