O DIEESE, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos divulgou hoje, 21/10, estudo sobre a divída da Petrobrás. Confira abaixo a sequência dos gráficos com apresentação de dados e respectiva explicação.
Para não errar (ou mentir) em relação a dívida da Petrobrás, é preciso conhecer algumas informações:
1. Histórico do volume da dívida bruta;
2. Histórico do volume da dívida líquida (descontada as disponibilidades da empresa);
3. Taxa de juros contratados;
4. A classificação de risco ao emprestar para a Petrobrás;
5. Novas captações realizadas pela empresa;
6. A taxa de câmbio (valor do dólar frente ao real)
O histórico da dívida da Petrobrás
Não, a dívida da Petrobrás nunca chegou perto dos R$900 bilhões como dizem por ai.
A dívida bruta da Petrobrás chegou a seu maior montante em 2015, no governo Dilma e após efeitos da Operação Lava-jato, somando R$492,8 bilhões (ou US$126,2 bilhões).
O histórico da dívida da Petrobrás – apenas a dívida líquida
Quando consideramos a dívida líquida, maior volume de dívidas líquida que a Petrobrás teve foi em 2015, quando chegou a R$392 bilhões (ou US$100,4 bilhões);
Obs.: A dívida líquida leva em consideração as disponibilidades e investimentos em títulos governamentais e aplicações financeiras no exterior, com vencimentos superiores a 3 meses a partir da data de aplicação, realizados pela Petrobrás.
Entendendo melhor o tema da dívida da Petrobrás
A taxa média de juros contratados pela Petrobrás não é alta se comparada a taxa Selic. A partir de 2015, quando a dívida cresce e a empresa perde grau de investimento, a taxa cresce um pouco.
O aumento (ainda que pequeno) da taxa de juros para a Petrobrás é consequência da avaliação de risco feita pelas agências de rating.
Mesmo no período de crescimento da dívida, entre 2010 e 2015, as agencias de classificação de risco classificavam a Petrobrás como grau de investimento.
Somente depois da Lava-jato, iniciada em 2014, que a nota de risco da Petrobrás cai.
Até hoje a empresa ainda não retomou grau de investimento no período das gestões de Lula e Dilma.
A Petrobrás sempre teve acesso a grandes volumes de recursos, em todas as vezes que foi ao mercado (nacional ou internacional) buscar financiamento.
Mesmo no período em que a dívida bruta da empresa chegou a R$492 bilhões, em 2015, a empresa continuou conseguindo novos empréstimos.
A taxa de câmbio tem grande importância no volume da dívida da Petrobrás. Como 89% da dívida é em moeda estrangeira, sendo 80% em dólar, quando o Real perde valor frente a estas moedas, a dívida em Reais da Petrobrás sobe.
Isso aconteceu entre 2014 e 2015, quando a taxa de câmbio subiu 41%.
Por que a Petrobrás chegou a essa dívida e quais os efeitos para a empresa?
1. A dívida tem relação direta com os volumes de investimentos;
2. Crescimento do montante de pagamentos de juros e principal para os credores;
3. A dívida como justificativa para a venda de ativos.
Os investimentos previstos nos Planos de Negócios e Gestão da Petrobrás
Os PNGs da Petrobrás passam a apontar maiores volumes de investimentos necessários para tornar possível a produção nos campos do pré-sal e na construção/adaptação em refinarias.
Histórico dos investimentos realizados pela Petrobrás (em US$ bilhões)
Os investimentos da Petrobrás e a relação com os investimentos do Brasil (em %)
Como consequência do crescimento da dívida, pressão dos credores e juros maiores a Petrobrás passou a desembolsar grandes volumes de recursos para redução de sua dívida.
Somente entre 2016 e 2021 os valores pagos pela Petrobrás em amortização do principal e juros da sua dívida ultrapassaram os R$810 bilhões.
A venda de ativos e comportamento da dívida da Petrobrás
Desde 2013 a Petrobrás já vendeu 94 ativos e vem utilizando como justificativa a redução da sua dívida. O total arrecadado pela empresa soma R$142,3 bilhões.
A redução da dívida líquida (em reais) percebida apenas em 2T2022 acontece por conta do pagamento do principal e dos juros.
Os volumes arrecadados com as vendas dos ativos em muito pouco influenciaram na redução da dívida
A verdade é:
1. A dívida da Petrobrás nunca foi de R$900 bilhões e chegou, ao máximo em R$392 bilhões em 2015;
2. O aumento da dívida da Petrobrás ocorreu para aumentar os investimentos, entre eles no pré-sal e em refino, sendo hoje responsáveis pela alta produtividade e rentabilidade na extração de petróleo e gás e na produção de gasolina e diesel;
3. A Petrobrás se endividou (e ainda se endivida) a juros baixos;
4. Nos governos Lula, a Petrobrás puxava os investimentos no Brasil, investindo US$21,2 bilhões por ano, o que era 8,3% dos investimentos do Brasil. No governo Bolsonaro, a Petrobrás tem investido somente US$9,2 bilhões por ano, 3,5% dos investimentos no Brasil.