Sabe o que significa privatizar a Petrobrás? Risco real e constante de acidentes. E pior: risco de vida para os trabalhadores. É o que pode vir a acontecer com o navio-plataforma FPSO Cidade de Vitória, que foi fiscalizado e interditado recentemente pela Agência Nacional de Petróleo (ANP)
[Da imprensa do Sindipetro ES]
A decisão da ANP em interditar vem do risco de vazamento de gases perigosos, em taxas cinco vezes maiores do que o previsto em projeto. Além de falhas nos sistemas de comunicações e com a população embarcada acima da capacidade prevista, habitando locais de risco.
A denúncia sobre risco de explosão nessa plataforma vem de A GAZETA, em reportagem da jornalista Vilmara Fernandes, publicada nesta terça-feira (20/09). Ela teve acesso exclusivo ao boletim de fiscalização e de interdição feito pela ANP.
O documento, por sinal, aponta que “foram identificadas diversas situações de risco grave iminente”. E o pior é que toda a população capixaba já sabe como essa história pode acabar.
Infelizmente, os problemas apontados pelo documento da ANP apontam muitas semelhanças com o que era apresentado pelo FPSO Cidade de São Mateus, que explodiu após vazamento de gás, em fevereiro de 2015. Um acidente que marcou a vida de todos os petroleiros capixabas, e que deixou 9 mortos e 26 pessoas feridas.
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Atualmente, o Cidade de Vitória está no campo de Golfinho, distante 50 quilômetros da costa capixaba, entre a Grande Vitória e o município de Aracruz. O navio-plataforma segue afretado à Petrobrás, mas sob operação da empresa Saipem, que recentemente teria vendido o FPSO por US$ 73 milhões para a empresa BW. A operação teria ocorrido no último dia 22 de junho, mas a transação deve ser formalizada somente no próximo ano.
O grupo norueguês BW era a empresa proprietária e responsável pelo navio-plataforma Cidade de São Mateus, que explodiu em 2015. Coincidência? Talvez não, principalmente por considerarmos que essa empresa também é a que comprou da Petrobrás, recentemente, os campos de Golfinho, CanapuCamarupim e Camarupim Norte, localizados em águas profundas no pós-sal da bacia do Espírito Santo, em valor próximo de US$ 75 milhões.
Entendeu a conexão? A empresa que era dona e responsável pelo navio-plataforma que explodiu em 2015, acabou de comprar um outro navio-plataforma que se encontra em condições semelhantes de risco de explosão.
Os valores das transações também chamam a atenção. O valor da venda de um FPSO em péssimo estado é praticamente o mesmo da venda de quatro campos de petróleo (Camarupim, Camarupim Norte, Golfinho e Canapu) pela Petrobrás. Isso sem contar o bloco exploratório também incluído nessa transação. “Isso é extremamente temerário”, reforça o diretor do Sindipetro/ES, EtorySperandio.
“Além do absurdo de ser vendido um navio-plataforma em péssimas condições e com possibilidade real de acidentes graves, colocando a vida dos trabalhadores em risco,esse navio custa praticamente o mesmo valor que os quatro campos de petróleo vendidos pela Petrobrás. Além de desfazer de seus ativos com valores bem abaixo do mercado, agora a atual Gestão da Petrobrás nos coloca diante do risco de ter em nosso estado mais uma tragédia. O Sindipetro/ES tomará providências urgentes”, pontua Sperandio.
O Sindipetro/ES já recorreu judicialmente contra a venda dos campos do Polo Espírito Santo Águas Profundas. E também denunciou a falta de integridade do FPSO Cidade de Vitória, notificando o MPT sobe falhas da gestão da plataforma.