Nesta quinta-feira, dia 28 de abril, Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, a FUP e seus sindicatos chamam atenção para os riscos cada vez maiores de grandes acidentes ampliados na indústria brasileira de petróleo. Situação que se agrava com as privatizações no Sistema Petrobrás.
Além da precarização das condições de trabalho e dos cortes de investimento na área de segurança, os petroleiros e petroleiras sofrem as consequências da sobrecarga de trabalho e multifunção. No Sistema Petrobrás, os efetivos foram reduzidos a menos da metade ao longo desta última década, com a demissão em massa de trabalhadores terceirizados e a saída dos concursados nos diversos planos de desligamento que foram intensificados a partir de 2016.
O resultado desse demonte são acidentes constantes nas refinarias, terminais e plataformas, que causam mortes, mutilações e adoecimentos físicos e mentais, inclusive suicídios, como os dois recentes que ocorreram na Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia.
Para falar sobre estas e outras questões, a FUP e o Sindipetro NF, junto com a CNQ, realizam uma live hoje, às 19h, com transmissão ao vivo pelo Youtube e Facebook. Saiba mais aqui
Mortes no rastro do desmonte da Petrobrás
Só neste início de 2022, os sindicatos já relataram diversos acidentes, entre eles o que causou a morte do caldeireiro da Refinaria de Duque de Caxias (Reduc/RJ), José Arnaldo de Amorim, no dia 19 de fevereiro, quando trabalhava sozinho e em local confinado, durante uma parada de manutenção. Menos de um mês depois, um acidente no sul da Bahia, no dia 16 de março, com um helicóptero que transportava trabalhadores para a Petrobrás, causou a morte do piloto e deixou 12 feridos.
Soma-se a esses, a sequência de acidentes graves e fatais dos últimos meses, como o que quase amputou a perna de um trabalhador do Terminal da Transpetro em Paranaguá (PR) e o princípio de incêndio na Regap (MG), em fevereiro; a inclinação de uma baleeira da PNA-2, na Bacia de Campos, que quase tombou em dezembro; as mortes em setembro de um petroleiro da Astromarítima durante treinamento de lançamento de bote em uma plataforma e de um trabalhador da Refinaria Abreu e Lima (PE) durante a manutenção de equipamento; o acidente na Regap, também em setembro, que deixou dois trabalhadores gravemente queimados; a morte em abril de um mecânico à bordo da P-51, na Bacia de Campos, entre tantos outros.
Essas ocorrências não foram casos isolados. Nas áreas operacionais, a insegurança crônica que os petroleiros vivem diariamente já matou mais de 400 petroleiros da segunda metade dos anos de 1990 para cá. Mais de 80% eram trabalhadores terceirizados, as maiores vítimas da precarização. Uma tragédia que a gestão da Petrobrás continua perpetuando, ao insistir no desmonte da empresa e na precarização das condições de trabalho.
O risco iminente de um grande acidente ampliado nas instalações da Petrobrás aumenta a cada dia, como comprova um estudo realizado pelo corpo gerencial da empresa, ao qual a FUP teve acesso em junho de 2021. No estudo, as próprias gerências alertam para os riscos de acidentes operacionais e de danos aos trabalhadores e ao meio ambiente, em consequência de “problemas operacionais por falta de pessoal ou por falta de capacitação das pessoas”. O levantamento aponta questões graves que a FUP e seus sindicatos vêm denunciando há tempos, como a falta de treinamento adequado, a multifunção, o excesso de dobras nas unidades operacionais e a perda de conhecimento técnico.
Já passou da hora dos gestores da Petrobrás e de outras empresas do setor serem responsabilizados por expor os trabalhadores à insegurança que gera mortes, mutilações e doenças. Colocar vidas em risco não é acidente. É crime!
[Da imprensa da FUP]