O mercado de trabalho brasileiro passa por uma situação dramática: aumento do desemprego, da informalidade, do trabalho precário, da subutilização da mão de obra e redução dos rendimentos de trabalhadores e trabalhadoras. Durante os dois anos da pandemia de covid-19, que, por si só, foi responsável pela retração da economia em todo o mundo, o governo brasileiro, além de se omitir no combate à doença, o que potencializou e intensificou os impactos negativos da crise sanitária, tem se empenhado sistematicamente no desmonte das instituições democráticas, no corte de direitos sociais e trabalhistas e na adoção de políticas que resultaram na ampliação da pobreza e no aprofundamento das desigualdades sociais características da sociedade brasileira.
As mulheres, que historicamente ocupam posições mais vulneráveis no mercado de trabalho, foram duramente atingidas por essas circunstâncias, conforme mostra o Gráfico 1, que apresenta os resultados da comparação entre o volume da força de trabalho feminina antes da pandemia (terceiro trimestre de 2019) e em plena crise sanitária (terceiro trimestre de 2021).
Os dados são da PnadC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua) e apresentam a situação das mulheres em idade ativa, ou seja, de 14 anos ou mais, de acordo com a condição de atividade: na força de trabalho (ocupadas e desempregadas) e fora da força de trabalho. As informações foram desagregadas por cor ou raça, isto é, para mulheres negras e não negras.
No terceiro trimestre de 2021, a força de trabalho feminina contava com 1.106 mil mulheres a menos do que no mesmo trimestre de 2019, ou seja, passou de 47.504 mil para 46.398 mil, o que significa que parcela expressiva de trabalhadoras saiu do mercado de trabalho durante a pandemia e ainda não havia retornado em 2021. A redução entre as negras na força de trabalho foi de 925 mil mulheres no período, número superior ao das não negras, correspondente a 189 mil.
O contingente de mulheres fora da força de trabalho, isto é, que não buscou ocupação e não trabalhou, entre 2019 e 2021, aumentou em 2.842 mil e passou de 39.553 mil para 42.395 mil. Desse total, 1.710 mil eram não negras e 1.117, negras. O resultado indica o desalento de parcela expressiva de mulheres que antes trabalhavam e agora não acreditam ser possível conseguir nova colocação ou têm receio de voltar ao trabalho por causa da pandemia.
Análise específica sobre as ocupadas revela que, em 2021, havia 1.670 mil mulheres a menos trabalhando, o equivalente a 1.211 negras e 466 mil não negras, trabalhadoras que perderam a ocupação na pandemia e não conseguiram nova colocação.
Por outro lado, o contingente feminino de desocupadas, ou que buscou colocação no mercado de trabalho em 2021, aumentou em relação a 2019: 564 mil mulheres a mais procuraram uma vaga, das quais 285 mil eram negras e 277 mil não negras.
Fonte: DIEESE | Boletim Especial 8 de Março – Dia da Mulher
Inserção das mulheres no mercado de trabalho - Brasil e regiõesBoletim Especial Mulher marco 2022vff