Em Estado de Greve, categoria manda o recado para o governo Bolsonaro: Não ouse tirar a Petrobrás do controle do Estado
[Da imprensa da FUP]
Finalizadas esta semana, as assembleias convocadas pela FUP e seus sindicatos confirmaram o indicativo encaminhado à categoria petroleira de deflagração de greve nacional, caso o presidente Jair Bolsonaro e seus aliados no Congresso Nacional insistam no projeto de privatização da Petrobrás. A Federação encaminhou à estatal e ao Ministério de Minas e Energia documentos informando a deliberação dos trabalhadores (veja a íntegra abaixo), que também aprovaram uma contribuição assistencial a ser descontada dos salários para subsidiar as lutas e campanhas contra a privatização da empresa.
De norte a sul do país, as assembleias aprovaram Estado Nacional de Greve e os petroleiros e petroleiras estão desde já em alerta contra qualquer movimentação do governo federal de dar andamento ao projeto de lei que autoriza a União a entregar ao mercado financeiro as ações da Petrobrás que ainda restam sob o controle do Estado brasileiro. Bolsonaro chegou a declarar à imprensa que o projeto está sendo construído em parceria com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.
“Eles que não tenham a audácia e a ousadia de levarem esse projeto adiante, pois irão enfrentar a maior greve da história da categoria petroleira. Não permitiremos que a Petrobrás seja retirada das mãos do povo brasileiro”, avisa o coodenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, alertando sobre os prejuízos que a população já vem amargando em função do desmonte da empresa. “A Petrobrás está sendo esquartejada e, enquanto isso, o povo ainda paga preços exorbitantes pelos combustíveis”, afirma.
Documento enviado ao MME:
DG 020-2021 Comunição Estado de GreveDocumento enviado à Petrobrás:
DNE 086-2021 Comunição Estado de Greve e Contribuição AssistencialGoverno Bolsonaro responde por 76% dos ativos da Petrobras privatizados após 2015
Ele chama a atenção para os efeitos da privatização da primeira refinaria da Petrobras, a Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, que foi entregue ao fundo Mubadala, por US$ 1,65 bilhão, praticamente metade do valor de mercado estimado pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep). Após a privatização, a nova contraladora da unidade suspendeu o fornecimento de óleo bunker para as embarcações matítimas da região.
Também em 2021, foram assinados os contratos para venda da Refinaria Isaac Sabbá (REMAN), no Amazonas, e da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná, ambos os processos com valores subestimados e cercados por denúncias de irregularidades. “Vamos responder à altura qulquer tentativa de privatização da Petrobras e continuaremos fazendo de tudo para proteger os ativos que ainda pertencem à estatal”, comenta o coordenador da FUP.
Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que, de março de 2015 a novembro de 2021, a Petrobrás se desfez de 78 ativos, dos quais 70 no Brasil e oito no exterior, sendo que 76% da privataria ocorreu no governo Bolsonaro, que arrecadou um total de R$ 152 bilhões, com a entrega do patrimônio da estatal.
O Dieese explica que no governo de Michel Temer, a Petrobrás vendeu 15 ativos por R$ 100 bilhões. Já no governo de Dilma Rousseff, a empresa se desfez de quatro ativos, por R$ 9 bilhões. “Esses dados refletem a disposição do atual governo de destruir a Petrobrás, patrimônio dos brasileiros, a preço de banana”, lamenta o coodenador da FUP.