Além do grande ato nacional na Rlam e no Temadre, houve manifestações em Pernambuco, Ceará, São Paulo, Duque de Caxias, Minas Gerais, Paraná e no Rio Grande do Sul
[Da imprensa da FUP | Fotos do ato na Rlam: Wendell Fernandes/Sindipetro BA]
Os petroleiros e petroleiras das principais refinarias do Sistema Petrobrás atenderam ao chamado da FUP e dos sindicatos e compareceram em massa aos atos desta sexta-feira, 03, contra a privatização da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), entregue pela metade do preço ao grupo Mubadala, do Emirados Árabes, que assumiu esta semana o controle da unidade e de todo o completo de ativos de logística da Petrobrás na Bahia. Foi a primeira refinaria da Petrobrás a ter privatização concretizada. Os prejuízos que o país e o povo já estão tendo com o desmonte do Sistema Petrobrás serão ainda maiores com a privatização de mais da metade do parque de refino nacional.
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Além da Rlam, outras duas refinarias da Petrobras também estão em processo final de privatização: a Refinaria Isaac Sabbá, em Manaus (Reman), e a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná. O governo Bolsonaro pretende entregar ainda a Fábrica de Lubrificantes do Nordeste (Lubnor), no Ceará; a Refinaria Clara Camarão (RPCC/RN), no Rio Grande do Norte; a Refinaria Grabriel Passos (Regap), em Minas Gerais; a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul; e a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná.
As manifestações desta sexta-feira denunciaram mais esse grave crime do governo Bolsonaro contra o povo brasileiro e reafirmaram que, além de unida, a categoria petroleira seguirá na resistência.
Emoção no ato da Rlam
Com a participação massiva dos trabalhadores próprios e terceirizados, além de diversas representações sindicais, políticas e dos movimentos sociais, o ato na Rlam emocionou a categoria e as direções sindicais petroleiras de todo o país que participaram do protesto. Eles chamaram a atenção para os prejuízos decorrentes das privatizações no Sistema Petrobrás, cuja gestão está abrindo mão não só das refinarias, como já entregou subsidiárias estratégicas, campos de petróleo, plataformas, terminais, usinas termelétricas e de biodíesel, entre outros ativos, adquiridos a preço de banana por empresas estrangeiras e concorrentes da estatal.
O Coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, também mostrou apreensão com o que pode acontecer com os trabalhadores e trabalhadoras da Rlam, principalmente os terceirizados que podem ser demitidos. Mas além da questão corporativa há outra ainda mais preocupante, afirma. “Temos grande preocupação com os prejuízos para a população brasileira, que ficará refém do monopólio regional privado, criado a partir da venda da RLAM para a Mubadala. As empresas privadas perseguem o lucro, então não será surpresa se os derivados de petróleo ficarem ainda mais caros, principalmente na Bahia, Nordeste e Norte de Minas”. Bacelar destacou também que várias ações tramitam na Justiça, ainda sem julgamento e que muita coisa pode mudar. “Não jogamos a toalha. Há muita luta pela frente”.
Atos regionais
Além da mobilização nacional que parou a Rlam na manhã desta sexta, houve atos também nos terminais de Madre de Deus (Bahia) e de Suape (Pernambuco) e nas refinarias do Ceará (Lubnor), de Minas Gerais (Regap), de Duque de Caxias/RJ (Reduc), de Paulínia/SP (Replan), do Rio Grande do Sul (Refap) e na SIX (Paraná). Os sindicatos realizaram protestos, com atrasos na entrada do expediente. Veja as fotos abaixo.
Monopólios privados e risco de desabastecimento
Como a FUP vem alertando, com base em estudos e pareceres de especialistas e órgãos de fiscalização, as privatizações das refinarias, além de causar prejuízos financeiros para a Petrobrás e impactar economicante os estados e municípios que estão sendo abandonados pela estatal, criarão monopólios regionais privados, que irão comprometer o abastecimento e aumentar ainda mais os preços já abusivos dos combustíveis. O litro da gasolina já é vendido por mais de R$ 7 e o botijão de gás de cozinha ultrapassou os R$ 120. Preços absurdos e que tendem a disparar com a privatização das refinarias e terminais.
Vale lembrar que o Tribunal de Contas da União (TCU) reiterou em relatório uma preocupação já explicitada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) no ano passado: a ausência de uma regulação para um mercado de refino com vários agentes causa sérios riscos de desabastecimento. Ou seja, além de pagar mais, a população pode até mesmo ficar sem os derivados. Além disso, a saída da Petrobrás do Norte e do Nordeste também terá impactos econômicos pesados para os municípios e estados, aumentando o desemprego e a miséria.
A luta continua
A FUP e seus sindicatos continuarão lutando em todas as esferas para reverter a privatização da Rlam, barrar a venda das outras refinarias e estancar o maior desmonte da história do Sistema Petrobras. Além das ações jurídicas que questionam as privatizações, as entidades continuarão mobilizando os trabalhadores nas bases, participando de audiências com parlamentares, realizando campanhas sobre a importância de manter a Petrobras estatal e ações solidárias de venda de combustíveis questionando os preços abusivos.
Em reunião na terça, 30/11, o Conselho Deliberativo da FUP aprovou um calendário de ações contra as privatizações no Sistema Petrobrás, como assembleias para avaliar o indicativo de Estado de Greve Nacional, caso o governo Bolsonaro leve adiante a ameaça de apresentação de um projeto de lei para privatização da Petrobrás. Outra ação aprovada pelos sindicatos da FUP é a ampliação da atuação da Brigada Petroleira em Brasília, nos estados e municípios para construir apoios da sociedade civil à luta para que o Supremo Tribunal Federal julgue as ações de inconstitucionalidade das privatizações que estão sendo feitas sem o aval do Poder Legislativo.