Reportagem publicada esta semana pelo The Intercept Brasil denuda as relações suspeitas da diretoria da Petrobrás com o empresário Erasmo Carlos Battistella, fundador do Grupo ECB, que vem sendo altamente beneficiado pelas privatizações e desinvestimentos da estatal brasileira no setor de biodiesel.
Com a ajuda das gestões da Petrobrás, Erasmo galgou uma carreira meteórica, que começou como dono de postos de gasolina no Rio Grande do Sul para a ambiciosa meta de tornar-se o terceiro maior produtor de biocombustíveis do mundo.
“O rei do biodíesel”, como ele é conhecido, tem em seu portfolio a BSBios, empresa de produção de biodíesel, que tinha a Petrobrás com sócia, através da sua subsidiária PBio, que adquiriu 50% de participação nas usinas no Paraná e no Rio Grande do Sul, “vendida” pela estatal em fevereiro deste ano a preços camaradas para o empresário.
Eramos agora se articula para se apropriar da PBio, que foi colocada à venda pela atual gestão da Petrobrás.
O poder privado manda no país. Esse empresário vem atravessando governos e ideologias em nome de um bem maior: os próprios interesses. Temos que saber cada vez mais de onde vem o dinheiro de quem tem poder no Brasil. Tem gente que não gosta. Desconfie. https://t.co/b5vyOifRQ1
— Leandro Demori (@demori) October 27, 2021
A Reportagem do Intercept Brasil explica como tudo começou:
“Em 2009, Battistella vendeu à petrolífera 50% da propriedade de uma usina de biodiesel de Marialva por R$ 55 milhões. Foi um negocião: ele a havia comprado, ainda em obras, por R$ 37 milhões – ou seja, 67% do valor que a Petrobras pagou por metade dela.
Poucos anos depois, quando a estatal resolveu desfazer a sociedade com a BSBios (que, àquela altura, já era dona de duas usinas produtoras de biodiesel), Batistella conseguiu tirar um concorrente do caminho e voltou a ser o único dono da empresa.
Para isso, pagou um valor equivalente ao lucro que a empresa afere num ano – em 2020, a BSBios registrou lucro líquido de R$ 311 milhões, pouco menos que os R$ 322 milhões que o empresário desembolsou para recomprar os 50% que eram da estatal. E, segundo uma denúncia em apuração pelo Ministério Público Federal, o preço cobrado pela Petrobras sequer levou em consideração investimentos realizados por ela no negócio.
Agora, Battistella quer mais. O empresário, que gosta de ostentar encontros com o presidente Jair Bolsonaro em redes sociais e viaja a passeio em seu jatinho particular, quer comprar a Petrobras Biocombustíveis, uma subsidiária da estatal criada para atuar no negócio em que a BSBios atua.
A PBio, como é conhecida, foi posta à venda pela direção da Petrobras com alarde. Mas o anúncio não menciona o brinde bilionário que cairá no colo de quem comprar a empresa.
Entre seus ativos, a PBio tem um crédito tributário de cerca de R$ 2,3 bilhões, algo que não foi mencionado pela Petrobras no seu comunicado público sobre a venda da subsidiária. O valor do crédito, inclusive, está no balanço patrimonial da empresa de 2019.”
Leia aqui a íntegra da reportagem.