Mesmo com a inflação galopante, gestão da Petrobrás aumenta de novo a gasolina e o gás de cozinha

Só no governo Bolsonaro, a gasolina já subiu 93% nas refinarias, o gás de cozinha aumentou 100,5% e o diesel, 66,1%. Os reajustes abusivos de combustíveis que são essenciais para a vida das famílias brasileiras e a economia do país é um tapa na cara da sociedade, que sofre com a desindustrialização, o desemprego e o aumento da fome.

[Imprensa da FUP]

O governo Bolsonaro, através da gestão do general Joaquim Silva e Luna, autorizou mais um reajuste da gasolina e do GLP (gás de cozinha) nas refinarias da Petrobrás. O aumento de 7,2% foi anunciado nesta sexta-feira, 08, logo após o IBGE divulgar mais uma alta da inflação, pressionada, sobretudo, pelo preço abusivo dos combustíveis. Na semana passada, a gestão Bolsonaro já havia aumentado em 8,9% o litro do óleo diesel nas refinarias.

Só no governo Bolsonaro, a gasolina já subiu 93% nas refinarias, o gás de cozinha aumentou 100,5% e o diesel, 66,1%, segundo levantamento da subseção Dieese da FUP.

Quando a gasolina e o diesel sobem, o custo de vida dispara, em função dos efeitos em cascata dos reajustes, que impactam diversos custos de produção, transportes e o preço dos alimentos.

No caso do botijão de gás, chega a ser desumano manter uma política de preços referenciada em custos de importação, que obriga o consumidor a pagar em dólar por um produto de primeira necessidade, quando o Brasil é autossuficiente na produção de petróleo e tem refinarias com plena capacidade de garantir o abastecimento da população, com preços justos.

“Por causa dessa política de preço absurda, que o governo Bolsonaro mantém na Petrobrás, tem gente usando lenha e até álcool para cozinhar, tem gente morrendo queimada por causa disso. Os reajustes descontrolados de combustíveis que são essenciais para a vida das famílias brasileiras e a economia do país é um tapa na cara da sociedade, que sofre com a desindustrialização, o desemprego e o aumento da fome. O povo não aguenta mais entrar em fila para comprar ossos e resto de arroz e feijão, restos que antes eram descartados e agora se tornaram a única fonte de alimentação de muita gente neste país”, explica o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.


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Dados do Cadastro Único do governo federal mostram que cerca de 20% da população brasileira sobrevivem na extrema pobreza, com até R$ 89,00 por mês. São 41,1 milhões de pessoas vivendo assim, ou seja, em situação de insegurança alimentar, o que fez o Brasil voltar a ser incluído no Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU), lista de países em que 5% ou mais da população passam fome.

Só nos últimos dois anos, o número de brasileiros em insegurança alimentar saltou de 10,3 milhões para 19,1 milhões, segundo estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar. O Brasil havia saído do Mapa da Fome em 2014.

“Temos condições de garantir o abastecimento nacional, com preços de combustíveis justos para a população, que levem em conta os custos nacionais de produção e de refino. Bolsonaro, no entanto, está dilapidando a Petrobrás e mantendo uma política de reajuste dos derivados que beneficia única e exclusivamente os acionistas privados, que detêm 63,25% do capital total da empresa, dos quais 42,18% são estrangeiros. O lucro recorde de R$ 42,8 bilhões no segundo trimestre de 2021 foi essencialmente construído às custas das privatizações e dos preços abusivos dos combustíveis”, explica o coordenador da FUP, ressaltando que dos R$ 31,6 bilhões de dividendos pagos aos acionistas, somente R$ 11,6 bilhões (36,8%) foram destinados ao Estado brasileiro. “Os acionistas privados embolsaram mais de R$ 20 bilhões do lucro da Petrobrás, sendo que cerca de R$ 13 bilhões foram enviados para fora do país, aos investidores estrangeiros”, alerta.

Ele lembra que nos dois governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o preço do barril do petróleo sofreu uma variação de 223%, mas a gasolina aumentou apenas 18%, o diesel, 30% e o gás de cozinha teve o preço congelado entre 2003 e 2014, através de uma política de subsídio. “É preciso que a Petrobrás volte a ser gerida como uma empresa estatal, a serviço do povo brasileiro, cumprindo o seu papel de abastecer o país, de garantir a soberania e o desenvolvimento nacional, como aconteceu entre 2003 e 2014. Mudar os rumos da Petrobrás é uma decisão de Estado, que compete ao governo federal”, afirma Deyvid, ressaltando que o poder de decisão é do governo federal, pois o Estado brasileiro ainda é o acionista majoritário da Petrobrás, com 50,5% das ações com direito a voto no Conselho de Administração da empresa.


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