Os combustíveis pesaram 7,26% no IPCA de setembro (o mais alto do mês, desde o início do Plano Real, em 1994), divulgado nesta sexta pelo IBGE. Culpa da equivocada política de preço que a gestão do governo Bolsonaro mantém na Petrobrás
[Nota à imprensa | Foto: Roberto Parizotti/CUT]
“A alta nos preços dos combustíveis continua a destruir o poder de compra do trabalhador, puxando para cima os custos de itens essenciais como alimentos e transportes. Enquanto a equivocada política de preço de paridade de importação (PPI) praticada pela gestão da Petrobrás não mudar, a escalada da inflação será cada vez mais elevada”.
A afirmação é do coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, ao comentar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 1,16% em setembro, divulgado nesta sexta-feira (8/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Em todas as comparações o quadro é desolador”, constata Bacelar. Foi a maior taxa para meses de setembro desde o início do Plano Real, em 1994. No ano, a inflação acumulou 6,9%; em 12 meses a taxa é de 10,25% – é a primeira vez em mais de cinco anos que a taxa anual atinge dois dígitos.
Os combustíveis continuaram a subir em setembro, segundo o IPCA, puxados pelas altas da gasolina (2,32%) e do etanol (3,79%). Além disso, o gás veicular (0,68%) e o óleo diesel (0,67%) também ficaram mais caros. No mês de setembro, os combustíveis pesaram 7,26% na composição do índice geral.
Os preços do gás de botijão subiram ainda mais no mês passado (3,91%) e acumulam alta de 34,67% nos últimos 12 meses, penalizando, sobretudo, a população de baixa renda, obrigada a substituir o gás pela lenha, para cozinhar.
O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, subseção FUP (Dieese/FUP), Cloviomar Cararine, destaca a disseminação dos reajustes nos preços dos derivados nos outros preços: “Os aumentos no diesel e no gás de cozinha têm influenciado demais produtos, seja na cadeia de produção ou no transporte. A gasolina e o etanol afetam também, de forma mais direta, os trabalhadores de aplicativo, reduzindo sua renda”.
Somente neste ano, em nove meses, o preço da gasolina nas refinarias da Petrobrás sofreram 10 reajustes de alta. No mesmo período, os valores do diesel e do gás de cozinha tiveram, respectivamente, 12 e sete reajustes. Esses seguidos aumentos impactam diretamente na variação dos preços dos postos de revenda. Pesquisa da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) mostra que, no mesmo período, a gasolina sofreu 23 reajustes em alta, número idêntico para o diesel; já o gás de cozinha subiu 24 vezes.