[Via Sindipetro-PR/SC]
A categoria petroleira vive o momento mais crítico dos últimos 20 anos e um dos mais graves de sua história. A privatização da área do refino do Sistema Petrobrás nas regiões Sul e Nordeste foi anunciada por Pedro Parente no dia 19 de abril.
O modelo apresentado pela direção ilegítima da empresa e referendado pelo Conselho de Administração coloca à venda 60% das refinarias Presidente Getúlio Vargas (Repar-Paraná), Alberto Pasqualini (Refap-Rio Grande do Sul), Landulpho Alves (RLAM-Bahia) e Abreu e Lima (RNEST-Pernambuco). A entrega do patrimônio estatal também inclui os ativos logísticos (dutos e terminais) da Transpetro integrados às refinarias.
A reprovação dos trabalhadores no Portal Petrobrás foi coincidentemente igual à rejeição de Michel Temer pelos brasileiros. 94% dos petroleiros que avaliaram a notícia que apresentou o “modelo preliminar sobre reposicionamento estratégico em refino“ classificaram o conteúdo como péssimo. Segundo pesquisa do Instituto Ipsos divulgado no dia 26/04, o presidente golpista é rejeitado por 94% da população.
Com mais essa entrega de patrimônio, a Petrobrás segue sendo esquartejada por Pedro Parente e vendida aos pedaços por uma administração que assumiu o poder por meio de um golpe e é a mais rejeitada da história do Brasil.
A reação da categoria petroleira contra a privatização foi imediata. Na manhã seguinte ao fatídico anúncio foram realizados protestos em todas as refinarias envolvidas. Petroleiros de outras unidades da Petrobrás se solidarizaram e também fizeram manifestações, como aconteceu no Terminal Transpetro de Vitória, no Espirito Santo, e nas refinarias Gabriel Passos (Regap-Minas Gerais), Capuava (Recap-São Paulo) e Isaac Sabbá (Reman-Amazonas).
Uma semana mais tarde, no dia 26, foi realizado um Dia Nacional de Luta Contra a Privatização. No complexo industrial da Petrobrás em Araucária, que inclui a Repar e a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), petroleiros, petroquímicos e trabalhadores da montagem e manutenção se uniram em um trancaço que bloqueou as duas unidades. Uma marcha com grande adesão da categoria encerrou o protesto.
Para o presidente do Sindipetro Paraná e Santa Catarina, Mário Dal Zot, a luta para barrar a privatização depende da unidade da categoria. “O momento é de deixar as divergências de lado e focar naquilo que nos une, que é a manutenção dos empregos, dos direitos e da Petrobras estatal. O Sindicato vai lutar até as últimas consequências para impedir a privatização”, afirmou.
Greve
Os protestos da categoria petroleira serão intensificados. A partir do dia 04 de maio, o Sindipetro Paraná e Santa Catarina, assim como os demais sindicatos de petroleiros filiados à FUP, inicia uma série de assembleias em todas as bases de representação para aprovar a greve no Sistema Petrobrás contra a privatização e retirada de diretos dos trabalhadores próprios e terceirizados, com data a ser definida pela Federação.
Como forma de financiar as grandes lutas que a categoria tem pela frente, as assembleias também decidirão sobre o desconto assistencial de 1% sobre o salário líquido durante três meses, sendo 0,5% para a FUP e 0,5% para os respectivos sindicatos.
Ainda estará em pauta a aprovação do manifesto em defesa da soberania, pela democracia e contra a prisão política de Lula.
A privatização no Sul
A pressa dos golpistas para entregar o patrimônio nacional é insana. Já no dia 26 de abril, a direção ilegítima da Petrobrás divulgou o documento “Oportunidade de Investimento em cluster de refino e logística no Sul do Brasil (Cluster Sul)”. Para quem não está familiarizado com o termo gringo, cluster significa um grupo de coisas ou atividades semelhantes que se desenvolvem conjuntamente.
O documento detalha tudo o que Pedro Parente pretende privatizar na região Sul. São duas refinarias (Repar e Refap), 736 km de oleodutos (Opasc, Olapa, Ospar, Orsul 6, Orsul 10, Oscan 16, Oscan 22 e Ornit) e sete terminais de distribuição da Transpetro localizados em Paranaguá, São Francisco do Sul, Guaramirim, Itajaí, Biguaçu, Niterói (RS) e Tramandaí.
A Petrobras contratou o Citigroup Global Markets Assessoria Ltda. (“Citi”) como seu assessor financeiro exclusivo no contexto da Potencial Transação. É o banco estadunidense, com sede em Nova York, que irá conduzir o processo de venda das refinarias e ativos logísticos.
Contradições
As balelas que Pedro Parente conta para tentar vender o peixe da privatização são repletas de contradições. Primeiro que para ele, vender a parcela majoritária das refinarias e perder o controle de gestão não é privatizar, mas sim “buscar parcerias”.
O Parente que ninguém quer também afirma que abrir o mercado para a concorrência é algo positivo para a Petrobrás, afinal de contas, quem não quer adversários para competir no mercado, não é mesmo?
O malandro agulha ainda fez um papelão quando da apresentação intitulada “Reposicionamento da Petrobras em Refino”, no dia 19 de abril, durante um seminário que reuniu o Ministério de Minas e Energia (MME), Agência Nacional do Petróleo (ANP), Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP), entre outras entidades, no Rio de Janeiro. Em um slide, mostrou que existe tendência de crescimento no mercado nacional de derivados de petróleo da ordem de 1,8% por ano até 2030. Logo no slide seguinte, revelou que há baixa previsibilidade no mercado. Parece papo de louco.
[Via Sindipetro-PR/SC]