LUTA CONTINUA

Fim da transição: trabalhadores da Petrobrás deixam Rlam, mas sem perder a esperança da reconstrução

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O anúncio do governo Lula, cobrando a suspensão das privatizações em curso, confirma a nossa certeza de que a reconstrução do Brasil passa impreterivelmente pela reconstrução do Sistema Petrobrás

[Editorial da FUP]

No dia em que a FUP e seus sindicatos comemoram a cobrança do governo Lula para que a Petrobrás suspenda todos os processos de privatização que ainda estão em curso na empresa, os petroleiros da Bahia amanheceram sem chão. Desde a zero hora desta quarta-feira (01/03), não há mais vínculo entre os empregados da Petrobrás e a histórica Refinaria Landulpho Alves, a Rlam.

Os 230 trabalhadores concursados que ainda estavam lotados em Mataripe, por conta do contrato de transição assinado pela Acelen com a estatal, não prestam mais serviços para a empresa que assumiu a operação da refinaria baiana, em dezembro de 2021.

O período de transição operacional – TSA, na sigla inglesa (Transition Services Agreement) – terminou na terça-feira, 28/02. O contrato de 15 meses envolveu 830 trabalhadoras e trabalhadores que já atuavam na Rlam.

Rebatizada para Refinaria de Mataripe, após o controverso processo de privatização, que segue sendo contestado pelo Sindipetro Bahia e pela FUP, a Rlam foi a primeira refinaria nacional a abastecer o país.

Inaugurada em setembro de 1950, sua história confunde-se com a da Petrobrás. Incorporada pela estatal em 1953, a Rlam inaugurou um longo ciclo de desenvolvimento regional e nacional, refinando o petróleo que jorrava dos primeiros poços descobertos em terras brasileiras.

Foi ela que possibilitou o desenvolvimento do primeiro polo petroquímico planejado do país, que se transformou no maior complexo industrial do Hemisfério Sul. Trata-se do Polo Petroquímico de Camaçari, cuja contribuição para o desenvolvimento industrial da Bahia e a soberania nacional está diretamente relacionada aos investimentos da Petrobrás.

O desenvolvimento tecnológico, a criação de milhares de empregos e a geração de renda para diversos municípios e o estado da Bahia, tudo isso deve-se ao papel estratégico que a estatal brasileira ocupou até ser despejada pelo governo Bolsonaro. Entregues a preços vis a um fundo de investimento árabe, a Rlam e toda a logística da Petrobrás na Bahia são hoje empreendimentos privados a serviço do mercado.

Uma tragédia anunciada, que a FUP e seus sindicatos vinham tentando evitar desde o fatídico golpe sofrido pela ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2016. Assim como a Rlam, outros bens estratégicos para o povo brasileiro foram arrancados da Petrobrás país afora, dizimando milhares de empregos e empobrecendo o Brasil.

Será triste comemorar em outubro os 70 anos da maior estatal brasileira sem a Rlam, sem a Reman, sem a SIX, sem a BR Distribuidora, sem a Liquigás, sem vários polos de produção do Nordeste, sem campos de petróleo estratégicos da Bacia de Campos, sem as malhas de gasodutos e sem tantos outros ativos que integravam o Sistema Petrobrás.

A categoria petroleira é forjada na luta e na resistência. E é essa capacidade que irá ressignificar a dor das companheiras e companheiros que viveram e vivem os efeitos das privatizações. É na luta que seguiremos juntos, atuando dia e noite para reverter o desmonte da nossa empresa.

O anúncio do governo Lula neste primeiro de março de 2023 confirma a nossa certeza de que a reconstrução do Brasil passa impreterivelmente pela reconstrução do Sistema Petrobrás.

Essa é a nossa luta. Essa é a nossa história.

Petroleiras e petroleiros, luta e resistência!