Há dois anos, grupos fascistas financiados pela ultra direita e com a anuência de ex-integrantes do governo Bolsonaro tomaram Brasília para dar um Golpe de Estado, com invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. Desde então, o dia 8 de janeiro passou a ser um marco na defesa da democracia para que atos como estes nunca mais voltem a acontecer
[Com informações do Brasil de Fato /Edição da FUP]
Os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 marcaram um dos momentos mais críticos da recente história democrática brasileira. Milhares de pessoas invadiram e depredaram as sedes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto, motivadas pela rejeição à vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. Desde então, as investigações e processos judiciais seguem desvendando a trama que antecedeu a tentativa de golpe.
Os danos materiais causados pelos atos golpistas são estimados em centenas de milhões de reais. Obras de arte, móveis históricos e documentos foram destruídos. O governo brasileiro tem investido em restauração, enquanto processos civis buscam responsabilizar os culpados pelos prejuízos financeiros.
Até 26 de dezembro de 2024, o STF condenou 310 pessoas por participação nos ataques. Entre os crimes imputados aos golpistas estão associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de direito e danos ao patrimônio público. A maioria dos condenados foi presa no local dos ataques ou em acampamentos, que se desenrolaram por semanas, em frente aos quartéis e com a anuência das Forças Armadas, como tem se revelado no inquérito relato pelo ministro da mais alta corte do país, Alexandre de Moraes.
Os financiadores dos atos também estão sob escrutínio. Empresários foram denunciados por custearem viagens e alojamentos para os manifestantes. Na esfera política, antigos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que seria o principal beneficiado dos atos golpistas, são acusados de instigar as manifestações.
O ponto alto das investigações sobre os crimes cometidos no dia 8 de janeiro de 2023, foi a prisão de dois dos principais nomes ligados aos atos golpistas: o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid e o general Walter Braga Netto. As detenções trouxeram avanços significativos para a elucidação dos eventos e para a responsabilização de seus organizadores.
FUP alertou para tentativa de ataques às refinarias da Petrobrás
O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, que participa dos atos em Brasília nesta quarta em defesa da democracia, ressalta que, apesar da tentativa de golpe ter sido debelada, ainda há movimentos em curso que visam a desestabilização política do governo Lula para impedir os avanços que o país e o povo brasileiro tanto precisam. “Continuaremos vigilantes e firmes na luta pela democracia e pela dignidade do povo brasileiro. Os atos terroristas em Brasília foram extremamente graves e os responsáveis têm que ser punidos, não podem ser anistiados”, afirma.
Ele lembra que em janeiro de 2023, momentos antes dos atos golpistas, a FUP entrou em contato com os serviços de inteligência e a segurança corporativa da Petrobrás, bem como com órgãos federais de segurança pública, alertando sobre a possibilidade de ações teroristas também nas refinarias da Petrobrás. Os ataques, previamente anunciados nas redes sociais por apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, visavam interromper o fornecimento de combustíveis à população. A Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, foi um dos primeiros alvos apontados pelos vândalos.
Em ato nesta quarta, 08/01, na Reduc, os petroleiros e petroleiras reforçaram a importância da defesa constante e intrasigente da democracia.
Dois anos após o 8 de janeiro de 2023, o Brasil continua lidando com as consequências da tentativa de golpe e o processo de responsabilização dos envolvidos é complexo, mas fundamental para garantir que eventos semelhantes não se repitam.
Que os responsáveis sejam punidos e jamais anistiados. Democracia sempre! Ditadura nunca mais!
Defender a democracia é uma causa de todo o povo brasileiro
Em nota conjunta, as centrais sindicais brasileiras reforçam a importância da defesa incondicional da democracia e cobram punição para os golpistas. Leia abaixo a integra:
Há quarenta anos, a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral, em janeiro de 1985, inaugurava um novo período para o Brasil e seu povo trabalhador: a redemocratização. Embora eleito por via indireta, Tancredo foi o primeiro presidente civil após o golpe de 1964. Sua eleição marcou o fim da ditadura militar brasileira.
Hoje, 8 de janeiro de 2025, resgatar esta memória reforça nossa consciência sobre o valor de vivermos em um país onde a população é livre para se organizar, para se expressar, para reivindicar mais direitos e melhores condições de vida.
Vivemos, desde 1985, o maior período de democracia, com as instituições funcionando e os movimentos sindical e popular podendo atuar com liberdade.
Entretanto, insistentes reflexos de um passado recente, o bolsonarismo saudoso da ditadura militar, nos alertam para o fato de que a democracia é um sistema em permanente construção, que deve ser cultivado e aprimorado sempre.
Os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, partiram de grupos que não aceitaram a eleição de um governo pela maioria dos brasileiros através do voto, esse direito tão duramente conquistado. Eles almejavam impor, de forma autoritária e violenta, uma ordem paralela. Como descobrimos recentemente, estavam articulados com uma grande conspiração cujo objetivo era repetir o abominável golpe de 1º de abril de 1964.
As instituições democráticas falaram mais alto e, naquele momento, agiram para debelar a usurpação de poder que assombrava a capital federal.
Todos nós devemos nos envolver nesta causa que é a defesa da democracia, sem relativizá-la em falsas interpretações. É preciso fortalecer os partidos políticos, o movimento social, as organizações de trabalhadores e as instituições que organizam nosso país. Mesmo com todos os desafios que ela apresenta, só em uma democracia podemos lutar e conquistar juntos a valorização do trabalho e o avanço social e humano.
Sem anistia aos golpistas! Não passarão!
Viva os trabalhadores e as trabalhadoras! Viva a democracia!
São Paulo, 8 de janeiro de 2025
Sérgio Nobre, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
Miguel Torres, presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Moacyr Tesch Auersvald, presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)
Antonio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)
Nilza Pereira, secretária-geral da Intersindical
José Gozze, presidente da Pública