FAFENs de volta

FUP cobra participação dos trabalhadores experientes na operação das fábricas de fertilizantes

Depois de sete anos de resistência firme, mobilizações nacionais, greves, enfrentamento jurídico e pressão política, os trabalhadores das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (FAFENs) conquistam uma das maiores vitórias do movimento sindical petroleiro nos últimos tempos: o retorno da produção nacional de fertilizantes nitrogenados e a retomada dos postos de trabalho.

Diante da urgência que envolve a retomada da produção nacional de fertilizantes nitrogenados — essencial para a soberania alimentar e energética do Brasil —, a FUP solicitou oficialmente o agendamento de uma reunião técnica com a direção da Petrobrás. O objetivo é apresentar em detalhes as propostas construídas coletivamente pelos trabalhadores e discutir alternativas viáveis para sua implementação. Foi estipulado o prazo de 15 dias corridos para que a empresa se manifeste sobre o início do planejamento para retorno dos trabalhadores, recomposição do efetivo e cronograma preliminar. É inaceitável que a Petrobrás continue postergando respostas diante de um cenário tão crítico.

A decisão da Petrobrás de reativar a FAFEN-PR em 2024 e os novos passos em direção à reabertura das unidades da Bahia e de Sergipe não são um presente da gestão, mas sim o resultado direto da organização e combatividade dos trabalhadores e da atuação incansável da Federação Única dos Petroleiros. Desde 2018, quando foi anunciado o fechamento das FAFENs, a categoria denunciou riscos e alertou sobre a dependência externa dos fertilizantes nitrogenados ao expor o impacto dessa medida na segurança alimentar do povo brasileiro. A história deu razão aos trabalhadores: em 2025, os preços desses insumos disparam no mercado internacional, tornando ainda mais urgente a retomada do setor.

Os trabalhadores não aceitaram calados o desmonte. Foram às ruas, ocuparam fábricas, realizaram paralisações, denunciaram à sociedade e enfrentaram com coragem o processo de transferência compulsória, que afastou mais de 300 trabalhadores das unidades onde detinham conhecimento técnico insubstituível.
Hoje, esse saber notório, acumulado por décadas dentro das FAFENs, é reconhecido como peça-chave para garantir uma retomada segura e eficiente. A própria Petrobrás reconheceu isso ao recontratar mais de 240 trabalhadores da FAFEN-PR por decisão do Tribunal Superior do Trabalho. A FUP defende agora, com base nesse precedente, o retorno imediato dos trabalhadores transferidos compulsoriamente e a recomposição dos efetivos via convocação do cadastro de reserva de concurso público. Só assim será possível garantir uma transição justa e segura, com operadores da Petrobrás ocupando posições estratégicas, especialmente em áreas sensíveis como operação, segurança e manutenção.

A luta não acabou. A proposta da FUP é clara: uma operação mista, com forte presença da Petrobrás em campo, resgate do efetivo próprio e controle total das áreas de SMS pela estatal, preservando vidas, a integridade das comunidades do entorno e o patrimônio público. Além disso, a Federação exige novos estudos técnicos, considerando o novo cenário energético do país, com aumento da oferta de gás natural no Pré-Sal e na Margem Equatorial. A escassez de gás, argumento usado para justificar o fechamento das FAFENs, não se sustenta mais.

Esta é uma vitória da classe trabalhadora. É o fruto da organização, da perseverança e da coragem dos que nunca aceitaram o discurso do “fim da linha”. É também uma lição para todos os setores estratégicos do país: não existe soberania sem trabalhadores valorizados e organizados. Seguimos na luta pela retomada plena das FAFENs sob controle estatal e com justiça para cada trabalhadora e trabalhador que manteve viva essa causa por todos esses anos.