2023: Reconstruir e fortalecer a Petrobrás para o Brasil

Foto: Agência Petrobras

Esta é a sétima e última parte da série em que a FUP relembra a trajetória de conquistas e superações da Petrobrás e as principais lutas da categoria petroleira em defesa da empresa. A estatal petrolífera nasceu da pressão popular da campanha “O petróleo é nosso”, que mobilizou o Brasil nas décadas de 1940 e 1950, e foi se constituindo ao longo do século XX como a prinicipal alavanca do desenvolvimento nacional. Alvo constante de cobiça e disputas, a Petrobrás sobreviveu aos ataques e aos desmontes que sofreu nos períodos recentes de neoliberalismo e fascismo graças às lutas da classe trabalhadora, dos movimentos sociais e das diversas frentes de defesa da soberania nacional que se levantaram contra a entrega do patrimônio público.

[Da imprensa da FUP | Texto e pesquisa: Alessandra Murteira]

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2023: Reconstruir e fortalecer a Petrobrás para o Brasil

Uma das primeiras medidas assinadas pelo presidente Lula, após tomar posse, em janeiro de 2023, foi interromper a privatização da Petrobrás, retirando a empresa do Programa Nacional de Desestatização. Esse compromisso já havia sido assumido por ele na campanha eleitoral e reforçado durante a transição de governo, quando a FUP participou do Grupo de Trabalho do Setor de Energia, defendendo as propostas da categoria, que estão elencadas no documento “Petrobrás para o Brasil”.

As contribuições dos petroleiros foram incorporadas ao programa de governo, no capítulo de Energia, que resgata o papel de protagonismo da Petrobrás na economia nacional e, principalmente, na transição energética. Uma das propostas é a criação de um Fundo Soberano para a transição energética justa, reivindicação que foi contemplada no Plano Plurianual Participativo 2024-2027, que aguarda aprovação pelo Congresso Nacional.

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A Petrobrás é também peça central do novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em agosto pelo governo Lula. A empresa participa diretamente de 47 projetos, que pretendem mobilizar R$ 323 bilhões em investimentos, o que corresponde a 96% de todos os recursos previstos para as obras do setor de óleo e gás.

As propostas da categoria petroleira para reconstrução e fortalecimento do Sistema Petrobrás também estão sendo discutidas com a gestão da empresa, em um Grupo de Trabalho que trata do novo Plano Estratégico 2024-2028 e na campanha reivindicatória.

A FUP tem ressaltado prioridades imediatas: recomposição do parque de refino e autossuficiência na produção de derivados; fortalecimento da indústria naval, com retomada da contratação de embarcações no Brasil e fim dos afretamentos de plataformas; reconstrução da política de conteúdo nacional; retorno da Petrobrás ao setor de fertilizantes, com reabertura imediata da Fafen-PR, recontratação dos trabalhadores demitidos e retomada do controle das fábricas da Bahia e do Sergipe, que estão arrendadas para a Unigel; transição energética justa, com fortalecimento do setor de biocombustíveis e uma produção cada vez mais descarbonizada e inclusiva; retomada e diversificação dos investimentos em projetos sociais e culturais.

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Algumas medidas de fortalecimento da Petrobrás já foram anunciadas, como interrupção da privatização dos polos de produção de Bahia Terra (BA) e de Urucu (AM), do Campo de Manati (BA) e da subsidiária da Petrobrás na Argentina; volta de investimentos nas bacias de Sergipe, Rio Grande do Norte e Bahia; parcerias para produção de energia eólica onshore e offshore; retomada da construção de navios no Brasil, com estudos para encomenda de 25 petroleiros; seleção pública de 31 projetos socioambientais que receberão investimentos de R$ 212 milhões ao longo dos próximos três anos.

Retomada dos concursos públicos

O desmonte do Sistema Petrobrás nos governos Temer e Bolsonaro foi acompanhado pela redução drástica de efetivos e imposições de regimes e jornadas extenuantes de trabalho, que fizeram aumentar os acidentes e adoecimentos, sem falar na transferência compulsória de trabalhadores.

Entre 2013 e 2022, o número de trabalhadores próprios da Petrobrás e subsidiárias despencou de 86 mil para 45 mil empregados. Nesse mesmo período, a empresa fechou 255 mil postos de trabalho de contratados.

A nova gestão da Petrobrás já convocou 2.170 aprovados nos últimos cadastros de reserva e anunciou novos concursos. A recomposição dos efetivos é uma das principais reivindicações da FUP e de seus sindicatos, que seguem pressionando por mais e maiores concursos públicos.

Recompor direitos e humanizar as relações de trabalho

A valorização das trabalhadoras e dos trabalhadores do Sistema Petrobrás – próprios e terceirizados, da ativa e aposentados – está diretamente associada à reconstrução da empresa. Nunca antes, a categoria petroleira sofreu tantos ataques quanto nos últimos anos, com retirada de direitos históricos e tentativas de desmonte do Acordo Coletivo de Trabalho.

Chegaram, inclusive, a ameaçar retirar do ACT o capítulo inteiro que trata da saúde, meio ambiente e segurança dos trabalhadores, a despeito de atuarem em uma indústria altamente periculosa. Soma-se a isso as agressões às mulheres petroleiras, aos trabalhadores terceirizados e aos aposentados, que foram o mais impactados pelos ataques diversos ao plano de saúde e à previdência complementar.

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Os absurdos casos de assédio, suicídios e sofrimento mental demonstram o quanto os trabalhadores foram desrespeitados e tiveram a autoestima atacada por um projeto de gestão autoritário, que buscou destruir o sentimento de coletividade e de pertencimento da categoria petroleira. Sem falar nas perseguições, punições e até mesmo demissões políticas, em meio à campanha da gestão bolsonarista para criminalizar as organizações sindicais, cujas lideranças chegaram a ser proibidas de acessar as unidades da Petrobrás.

Portanto, mais do que necessário, é urgente que a reconstrução da estatal tenha por base a reconstrução de direitos e a humanização das relações de trabalho, resgatando o valor do coletivo e não do individual.