1980-1990: Exploração em águas profundas leva à descoberta da Bacia de Campos

Foto: Petrobrás

Esta é a terceira parte da série em que a FUP relembra a trajetória de conquistas e superações da Petrobrás e as principais lutas da categoria petroleira em defesa da empresa. A estatal petrolífera nasceu da pressão popular da campanha “O petróleo é nosso”, que mobilizou o Brasil nas décadas de 1940 e 1950, e foi se constituindo ao longo do século XX como a prinicipal alavanca do desenvolvimento nacional. Alvo constante de cobiça e disputas, a Petrobrás sobreviveu aos ataques e aos desmontes que sofreu nos períodos recentes de neoliberalismo e fascismo graças às lutas da classe trabalhadora, dos movimentos sociais e das diversas frentes de defesa da soberania nacional que se levantaram contra a entrega do patrimônio público.

[Da imprensa da FUP | Texto e pesquisa: Alessandra Murteira]

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Com as crises internacionais do petróleo, que abalaram o mundo na década de 70, a Petrobrás ganhou mais importância estratégica. Até a primeira metade dos anos 60, a empresa só explorava petróleo em terra. A partir da inauguração do novo Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes), em 1966, a estatal passou a investir em explorações no mar.

Em 1968, foi perfurado o primeiro campo de petróleo marítimo, no litoral de Sergipe. Mas, foi em 1973 que a Petrobrás iniciou um novo ciclo em sua história, com a descoberta de grandes reservas na Bacia de Campos, entre o litoral norte do Rio de Janeiro e o sul do Espírito Santo.

Para fazer perfurações no mar a mais de 2.000 metros de profundidade, a empresa teve que desenvolver tecnologias próprias, investindo na engenharia nacional e, assim, tornou-se referência internacional na exploração offshore.

O CENPES é patrimônio da Petrobrás e o maior centro de pesquisas da América Latina/Foto: Petrobrás

A Bacia de Campos passou a ser a principal área de produção do Brasil. No início, eram pouco mais do que 7 mil barris diários de petróleo. Na primeira metade dos anos 2000, a região já produzia mais de 1 milhão de barris por dia, levando o Brasil a alcançar a autossuficiência em 2006.

No entanto, após o golpe de 2016, a Bacia de Campos sofreu um drástico processo de esvaziamento. Segundo levantamento feito pelo Dieese, foram desativadas ou vendidas pelo menos 38 plataformas na região, entre 2010 e 2020, restando à Petrobrás apenas 21 áreas exploratórias ativas. Isso representou uma queda de 45% na produção de petróleo e fechamento de 56 mil postos de trabalho em Campos e em Macaé.

As trabalhadoras e os trabalhadores seguem mobilizados, cobrando a retomada de investimentos na região e o fim dos afretamentos de plataformas e sondas de perfuração.


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» 1988 – lutas sociais garantem que a nova Constituição Federal mantenha a Petrobrás como órgão executor do monopólio da União sobre as atividades petrolíferas

» 1990-1992 – Petroleiros se organiza nas bases, criam um Comando Nacional e deflagram vários movimentos grevistas contra a agenda neoliberal de desmonte do Sistema Petrobrás

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» 1992 – Após luta histórica da categoria, sindicatos conquistam quinta turma nos turnos de refinaria e o regime 14×21 nas plataformas