Esta é a terceira parte da série em que a FUP relembra a trajetória de conquistas e superações da Petrobrás e as principais lutas da categoria petroleira em defesa da empresa. A estatal petrolífera nasceu da pressão popular da campanha “O petróleo é nosso”, que mobilizou o Brasil nas décadas de 1940 e 1950, e foi se constituindo ao longo do século XX como a prinicipal alavanca do desenvolvimento nacional. Alvo constante de cobiça e disputas, a Petrobrás sobreviveu aos ataques e aos desmontes que sofreu nos períodos recentes de neoliberalismo e fascismo graças às lutas da classe trabalhadora, dos movimentos sociais e das diversas frentes de defesa da soberania nacional que se levantaram contra a entrega do patrimônio público.
[Da imprensa da FUP | Texto e pesquisa: Alessandra Murteira]
Veja também:
- PARTE 1: 1940-1953: “O petróleo é nosso” e a Petrobrás também
- PARTE 2: 1953-1980: Petrobrás integra o Brasil e impulsiona a indústria nacional
- PARTE 4: 1990-2002: Neoliberalismo impôs perda do monopólio da Petrobrás e privatizações
- PARTE 5: 2003-2015: Petrobrás volta a ser estratégica para o Brasil e descobre o Pré-Sal
- PARTE 6: 2016-2022: O maior desmonte da história da Petrobrás
- PARTE 7: 2023: Reconstruir e fortalecer a Petrobrás para o Brasil
1980-1990: Exploração em águas profundas leva à descoberta da Bacia de Campos
Com as crises internacionais do petróleo, que abalaram o mundo na década de 70, a Petrobrás ganhou mais importância estratégica. Até a primeira metade dos anos 60, a empresa só explorava petróleo em terra. A partir da inauguração do novo Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes), em 1966, a estatal passou a investir em explorações no mar.
Em 1968, foi perfurado o primeiro campo de petróleo marítimo, no litoral de Sergipe. Mas, foi em 1973 que a Petrobrás iniciou um novo ciclo em sua história, com a descoberta de grandes reservas na Bacia de Campos, entre o litoral norte do Rio de Janeiro e o sul do Espírito Santo.
Para fazer perfurações no mar a mais de 2.000 metros de profundidade, a empresa teve que desenvolver tecnologias próprias, investindo na engenharia nacional e, assim, tornou-se referência internacional na exploração offshore.
A Bacia de Campos passou a ser a principal área de produção do Brasil. No início, eram pouco mais do que 7 mil barris diários de petróleo. Na primeira metade dos anos 2000, a região já produzia mais de 1 milhão de barris por dia, levando o Brasil a alcançar a autossuficiência em 2006.
No entanto, após o golpe de 2016, a Bacia de Campos sofreu um drástico processo de esvaziamento. Segundo levantamento feito pelo Dieese, foram desativadas ou vendidas pelo menos 38 plataformas na região, entre 2010 e 2020, restando à Petrobrás apenas 21 áreas exploratórias ativas. Isso representou uma queda de 45% na produção de petróleo e fechamento de 56 mil postos de trabalho em Campos e em Macaé.
As trabalhadoras e os trabalhadores seguem mobilizados, cobrando a retomada de investimentos na região e o fim dos afretamentos de plataformas e sondas de perfuração.
» 1987 – oposições sindicais criam o Departamento Nacional dos Petroleiros da CUT
» 1988 – lutas sociais garantem que a nova Constituição Federal mantenha a Petrobrás como órgão executor do monopólio da União sobre as atividades petrolíferas
» 1990-1992 – Petroleiros se organiza nas bases, criam um Comando Nacional e deflagram vários movimentos grevistas contra a agenda neoliberal de desmonte do Sistema Petrobrás
» 1991 – Greve de 24 dias, entre fevereiro e março, cobra a readmissão de 800 trabalhadores demitidos pelo governo Collor.
» 1992 – Após luta histórica da categoria, sindicatos conquistam quinta turma nos turnos de refinaria e o regime 14×21 nas plataformas