Com o fim da greve em São Paulo, todas as linhas do metrô e trem estatais voltaram a funcionar nesta quarta. Linha 9-Esmeralda, administrada pela ViaMobilidade, segue com problemas e velocidade reduzida desde a tarde de ontem
[Da Rede Brasil Atual]
O argumento do governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para a privatização da CPTM está sendo enterrado pela continuidade das falhas nesta quarta-feira (4). Ontem, durante a greve unificada contra as privatizações, o bolsonarista afirmou que as linhas concedidas à iniciativa privada “não estão deixando o cidadão na mão”. Mas ao contrário, a Linha 9-Esmeralda falhou, a exemplo do que acontece com frequência. E problemas no sistema elétrico continuam afetando a circulação pelo segundo dia seguido, com as viagens entre as estações Morumbi e Pinheiros sendo feitas em mão única.
“Essa é a realidade da Linha-9 diariamente!!!”, contestou a codeputada estadual Monica Seixas (Psol), referindo-se a falhas rotineiras relatadas por usuários. A parlamentar se referia também à acusação da concessionária ViaMobilidade, que falou em “sabotagem” após a repercussão negativa do problema na linha, que operava em meio à greve dos servidores públicos da CPTM, Metrô e Sabesp contra os planos de Tarcísio de privatizar as estatais.
Os passageiros tiveram que abandonar o trem por volta das 14h, por conta de “pipocos”, “miniexplosões” e fumaça nos veículos. A empresa alegou que a falha teria sido provocada por um ato de vandalismo. E o governo de São Paulo endossou, informando que vai instaurar um processo administrativo para apurar a ocorrência.
Concedida pelo Estado em 2022, a Linha 9-Esmeralda é a campeã de falhas desde que passou para a iniciativa privada. Somente este ano foram 23 ocorrência. A ViaMobilidade, que administra também a Linha 8-Diamante, também responde a um Termo de Ajustamento de Conduta em que deve R$ 150 milhões em indenizações por danos morais e coletivos por falhas nas duas linhas.
Linha privatizada é campeã de falhas
Um levantamento do portal g1 mostrou que, apenas na CPTM, a Via Mobilidade responde por 63% falhas registradas neste ano. Foram 73 ocorrências nas linhas 8 e 9, enquanto as demais linhas sob controle do governo do estado registraram 33 falhas. Em função desses índices alarmantes de falhas, os trabalhadores apelidaram a concessionária de “Via Calamidade”.
Um histórico minimizado pelo governador Tarcísio de Freitas para defender seu projeto.”Na verdade, a gente está tendo um decréscimo de falhas nas linhas operadas pela iniciativa privada, fruto dos investimentos que começam a se materializar”, afirmou Tarcísio ao atacar a greve na manhã de terça. “Quais são as linhas que estão funcionando hoje? Aquelas concedidas à iniciativa privada. Isso mostra que estamos na direção certa”, acrescentou.
O discurso do governador é alvo de manifestações da população e trabalhadores, que repudiam o argumento de que a privatização acarretaria em melhoria nos serviços. Pelo contrário, eles denunciam que as linhas que passaram à iniciativa privada apresentam um número crescente de falhas e acidentes. Com o fim da greve, tods as linhas estatais voltaram a operar normalmente nesta quarta, sem intercorrências. O que foi ressaltado também pela deputada federal Erika Hilton (Psol-SP).
Reações
“Quem trava São Paulo não é grevista, é quem dá dinheiro pra iniciativa privada destruir serviço público e humilhar a população da nossa Metrópole todo dia. Se Tarcísio de Freitas tivesse aceito a proposta de catraca livre no dia de hoje, todas as linhas estariam funcionando normalmente. Menos essa, privatizada”, apontou a parlamentar. O deputado estadual Emídio de Souza (PT) contestou também a afirmação do governador que as privatizações do Metrô, CPTM e Sabesp foram “aprovadas nas urnas”.
“(Tarcísio) tentou jogar a população contra grevistas. Está inventando, se comportando como um caixeiro viajante. A privatização da Sabesp é contra a lógica de gestão pública. Isso não está no programa de governo dele. A desculpa é que a empresa não dá lucro. A Sabesp é lucrativa. O Estado não põe um centavo na Sabesp há mais de 30 anos. Ele vai ter de recuar da privatização da Sabesp”, disse ao site Brasil 247. Para o parlamentar, o governador também deu um “tiro no pé” porque a “sociedade viu as falhas das linhas privatizadas”.
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