A luta da mulher negra por reparação e bem viver é coletiva e precisa avançar

[Da comunicação do Sindipetro BA

Por que temos de lutar diariamente pela nossa existência? Essa foi uma das indagações feitas por mulheres negras que participaram da Roda de Conversa, no auditório do Sindipetro-BA, na manhã desta quinta-feira (25), para celebrar o Julho das Pretas, reunindo petroleiras e petroleiros, representantes do Movimento Negro Unificado (MNU), da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conem), da CUT-BA e funcionárias do sindicato.

Para Sara Sacramento Coordenadora da Juventude do MNU, “a mulher negra não quer ser guerreira, não quer viver em guerra, mas é obrigada a ser, caso contrário não sobrevive nesta sociedade”. Ela avalia que é preciso sim continuar falando de reparação “porque o Estado brasileiro ainda nos deve muito” e é necessário dar prosseguimento à batalha pela liberdade porque a liberdade é uma luta constante. Sara ressaltou ainda a importância da busca pelo bem viver. Aliás, Reparação e Bem Viver, são os temas do Julho das Pretas, cujas bandeiras serão levantadas principalmente neste 25/07/2024, Dia Internacional da Mulher Negra e Caribenha.

Segundo Catharina Caetano, do MNU, esse debate ainda está longe de acabar “porque há urgência em falar sobre direitos fundamentais e vida plena com todos os nossos direitos garantidos, o que ainda está longe de ser concretizado”. “Quando falamos de mulheres negras, os indicadores são cruéis, as mulheres negras são as que mais sofrem violência no sistema de saúde. São violentadas de forma física, psicológica, doméstica e ainda lideram as estatísticas de assédio moral e sexual no trabalho”, afirmou Catharina, ressaltando a importância de continuar “a luta pela humanização dos nossos corpos que ainda é impactante em uma sociedade onde há muitos resquícios da escravidão”.

O fato do Sindipetro-BA, que representa uma categoria composta 84% por homens, ter uma mulher como coordenadora foi lembrado e festejado por todas. A Coordenadora da entidade sindical, Elizabete Sacramento, ressaltou a importância de “não estarmos sós nessa luta, porque ela diz respeito a todas as mulheres. É sobre resistir para traçar nossos caminhos. Precisamos ser escutadas, mas só seremos se estivermos nos espaços de poder e discussão”, avaliou, enfatizando que “as mulheres, principalmente as negras, são a base da pirâmide da sociedade, mas está na hora de sair dessa base e ir para o centro do poder”.

Para finalizar o encontro, as mulheres se dividiram em grupos e traçaram um mapa apontando o que é preciso mudar e pelo que lutar. Veja um resumo do que elas falaram sobre o que é preciso fazer :

• Lutar para tirar o alvo das costas das mulheres negras
• Dar visibilidade à mulher negra na sociedade
• Ter igualdade de direitos e oportunidades
• Garantir o direito de ir e vir
• Buscar o empoderamento
• Unificar a luta das mulheres negras
• Fortalecer o acesso das mulheres negras aos cargos de comando
• Implantar a educação antirracista nas escolas e nas polícias
• Fortalecer a luta para que as mulheres ocupem os espaços de poder
• Realçar a importância do voto preto

“Quando nós tecemos aqui esse mapa coletivo, nós estamos erguendo a nossa voz, estamos dizendo que não vamos ficar caladas. Não vamos nos submeter a isso. Nós vamos nos organizar coletivamente, criar estratégias de luta, vamos resistir e alcançar todos os direitos que foram listados hoje aqui e outros mais”, finalizou Sara.

Após o evento, as mulheres seguiram para a Praça da Piedade, em Salvador, para participar da Marcha das Mulheres Negras da Bahia por Reparação e Bem Viver.