Zé Dirceu debateu a crise, seus efeitos no Brasil, e o Pré-Sal em evento promovido pela CUT-PR

A convite da CUT Paraná, o ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, esteve em Curitiba…

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A convite da CUT Paraná, o ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, esteve em Curitiba na quinta-feira [23] para participar do debate "O Papel do Pré-Sal na Crise Financeira Internacional". A atividade aconteceu nas primeiras horas da noite e lotou o auditório do Espaço Cultural dos Bancários de Curitiba.

Além de sindicalistas e militantes do Partido dos Trabalhadores, diversas personalidades políticas prestigiaram o evento, entre eles, o secretário de estado do planejamento, Ênio Verri, o prefeito de Cruzeiro do Oeste, Zeca Dirceu, e os vereadores de Curitiba Pedro Paulo, Professora Josete e Jonny Stica, todos do PT.

:: A crise econômica mundial e seus efeitos no Brasil
Zé Dirceu começou sua palestra contextualizando a origem da crise financeira internacional. "Ela [a crise] não foi gerada apenas pela falência do mercado imobiliário norte-americano. Surgiu pelo esgotamento da capacidade de crescimento dos Estados Unidos e também pelos gastos com a guerra do Iraque, cujas cifras já ultrapassam os US$ 3 trilhões". Para ele, se o Brasil não tivesse interrompido o processo de privatizações iniciado na década de 90, os impactos da crise seriam muito maiores. "Imaginem se hoje só tivéssemos bancos privados no país. Teríamos, no mínimo, perdido dois milhões de empregos. Perdemos 800 mil com a crise, mas tudo indica que até o final do ano recuperaremos esses postos de trabalho. Atualmente os Estados Unidos fazem o contrário do que o governo tucano fez, ou seja, estatizam instituições financeiras e compram títulos podres do mercado imobiliário", destacou.

O ex-ministro apontou que a crise chegou ao Brasil por meio da queda das exportações e também pela diminuição dos preços dos produtos no mercado internacional. "Como nosso país exporta apenas 15% do que produz, os efeitos da recessão econômica mundial são muito menores do que, por exemplo, na Alemanha e China, que exportam 50% das suas produções. Mas é importante destacar que só não fomos mais afetados porque o Brasil tinha mais de US$ 200 bilhões de reservas e um sistema público e financeiro forte e consolidado".

Sobre as medidas aplicadas pelo Governo Federal para minimizar os impactos da crise, como redução do IPI, ampliação dos recursos do PAC, e a criação do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, Dirceu foi enfático: "o Governo fez o que tinha que fazer".

:: Investimentos e Geração de Empregos
Na visão de Zé Dirceu, o esforço do Governo para manter e ampliar as obras do PAC é essencial para a continuidade do crescimento do país. "O que faz um país crescer são os investimentos internos".

Para ele, outro fator decisivo para a continuidade do crescimento é a criação de empregos. "Nos últimos seis anos, o Brasil gerou 11 milhões de empregos. Isso não é pouca coisa para qualquer país no mundo e vai nos ajudar muito no desenvolvimento econômico. Essa massa salarial que antes não existia move a economia local e nos dá fôlego para enfrentar a crise, já que nos próximos anos não haverá muita exportação. Por tudo isso, o país tem que aproveitar esse momento para mudar a política de juros e de superávit", afirmou.

:: A Petrobrás e o Pré-Sal
Um grande avanço, segundo Dirceu, foi a retirada da contribuição da Petrobrás para o superávit primário do Brasil. "Agora a estatal tem mais R$ 12,5 bilhões para investir, sem ter o compromisso da veiculação de seu orçamento ao superávit". Ele também acredita que as mega-reservas da área do Pré-Sal vão colocar o país em outro patamar energético. "O Pré-Sal significa multiplicar as reservas naturais do Brasil por quatro. Agora temos de 80 a 100 bilhões de barris. Trata-se de um investimento sem risco, com extração garantida, e que vai acrescentar um novo poder de tecnologia em águas profundas, mas é preciso ir mais além e agregar valor ao produto, com a exportação de derivados de petróleo".

Dirceu vê as descobertas do Pré-Sal como de igual importância quanto da criação da Petrobrás, ou dos bancos públicos, ou ainda da industrialização do país. "Por isso temos que investir na Petrobrás, fortalecer seu caráter público, e garantir o monopólio estatal do petróleo com destinação social dos recursos gerados pela produção".

:: Próximos Desafios
Ao final de sua exposição, Zé Dirceu falou sobre as eleições presidenciais de 2010 e os desafios colocados. "O que está em jogo em nossas vidas são as próximas eleições. Se ganharmos sem o Lula, fortaleceremos nosso objetivo de fazer as mudanças estruturais que tanto sonhamos e queremos para o país. Por isso, é importante trabalharmos desde já. Então, mãos à obra", finalizou.