‘Aqui mora um golpista’: protesto escracha investigados do 8 de janeiro nos 60 anos da ditadura

Foto: Guilherme Gandolfi

Ação do Levante da Juventude ocorreu em 10 estados nesta segunda e mirou figuras investigadas pela tentativa de golpe em 2023, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o ex-ministro Anderson Torres

[Da redação da Rede Brasil Atual]

 Para marcar os 60 anos do golpe de 1964, o movimento Levante Popular da Juventude realizou, na manhã desta segunda-feira (1º), uma série de escrachos em frente às residências e comitês de parlamentares e figuras da extrema direita. Os alvos escolhidos são investigados pela Polícia Federal por formação de organização criminosa, que teriam atuado na tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro de 2023. Na ocasião, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram as sedes dos três poderes, em Brasília.

Entre eles, está o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Sob o mote Aqui mora um golpista: por verdade, memória e justiça, os manifestantes exibiram cartazes com o rosto do denunciado em São Paulo, apontado como um divulgador dos atos golpistas. O Levante destacou ainda que o filho do ex-presidente é sócio de pessoas ligadas à disseminação de fake news no Brasil, também apoiadores dos atos golpistas de 8 de janeiro.

Simultaneamente, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres também foi alvo de escracho em frente à sua residência na capital federal. O grupo lembrou em cartaz que Torres foi o responsável pela redação da minuta golpista. O documento, que de acordo com a PF foi discutido e analisado por Bolsonaro, pretendia impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para manter o então presidente no poder. O ex-ministro responde por ter sido conivente com os atos terroristas no ano passado. Além de ter sido omisso com a proteção da Praça dos Três Poderes.

Defesa da democracia, hoje e sempre

Os atos de denúncia também foram realizados em Minas Gerais, Paraná, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Roraima, Amapá e Mato Grosso. E miraram parlamentares como Pedro Lupion (PP-PR), André Fernandes (PL-CE), Clarissa Tércio (PP-PE), Nicoletti (União-PR) e Silvia Waiãpi (PL-AP). E um dos acusados de financiar o 8 de janeiro, Antônio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil.

“A democracia brasileira sofreu constantes ataques ao longo da história do nosso país. Muitas vezes, com influência dos poderosos de outros países. Foi assim com o Golpe Militar de 1964 e foi assim em janeiro de 2023”, explicou a integrante da coordenação nacional do Levante Júlia Aguiar. As ações nessa manhã resgataram o legado de nacionalização do movimento que aconteceu em 2012. Naquele ano, o Levante Popular da Juventude escrachou torturadores do período da ditadura.

Nesse sentido, o grupo também cobrou a responsabilização dos golpistas de 1964 e do 8 de janeiro. “Também é importante cobrarmos que os golpistas de hoje sejam julgados e condenados, porque houve anistia dos golpistas em 79. Em agosto de 79 foi aprovada a anistia, e é essa anistia que faz com que a extrema direita hoje tenha essa sanha pela tentativa de golpe, de romper com o Estado democrático de direito. Então estamos na rua hoje para denunciar e lembrar esse período obscuro da história brasileira e denunciar e exigir que os golpistas de hoje sejam julgados e condenados”, defendeu Carlos Alberto, também da coordenação do Levante, em entrevista ao Brasil de Fato.

“A democracia brasileira sofreu constantes ataques ao longo da história do nosso país. Constantemente as elites, que detém poder político e econômico, tentam impedir que o povo brasileiro decida seus próprios rumos. Muitas vezes, com influência dos poderosos de outros países. Foi assim com o Golpe Militar de 1964 e foi assim em janeiro de 2023: quando sentem que seus projetos são ameaçados, tentam um golpe, às custas do futuro dos trabalhadores e das trabalhadoras do país”, completou Júlia Aguiar.

Confira as imagens do ato de escracho: