Vitória para os bancários da Caixa, conquistas para a sociedade


Vitoriosos. Esta é a avaliação que fazemos dos sete dias de paralisação dos bancários da Caixa Econômica Federal. Mais que isso: mostramos que ainda é possível fazer valer o direito dos trabalhadores mesmo sob ameaças de se atropelar a democracia, representada pela negociação e pela diplomacia.

Num ato totalmente ditatorial e semelhante à era FHC, a direção do banco mostrou-se intransigente com os trabalhadores, com a ameaça de levar a decisão sobre a legalidade da greve ao Tribunal Superior do Trabalho.

E ainda assim, os trabalhadores foram à luta. Mesmo depois de anunciada essa decisão, a greve avançou em todo país e atingiu 80% dos locais de trabalho. Departamentos internos da Caixa também passaram a aderir ao movimento. Em Mato Grosso, os 32 locais de trabalho da Caixa ligados ao Sindicato dos Bancários no Estado de Mato Grosso (Seeb/MT) cruzaram os braços numa demonstração de coragem, força e de repúdio à atitude da direção da CEF. A nossa força mostrou que somos capazes de negociar mesmo ameaçados. Diante da nossa luta, a direção recuou.

A Caixa é um banco oficial e de forte apelo social, já que administra os benefícios concedidos pelo Governo Federal à população carente, devendo estar sempre ao lado dos interesses da sociedade.

Por isso, uma das grandes conquistas foi o compromisso de contratar três mil novos funcionários, que já aguardam na lista de espera do último concurso realizado pela Caixa, e ainda, a garantia de realização de um novo concurso público em 2008, pontos estes, presentes desde o início na pauta de negociação com a direção do banco. Na camiseta utilizada nesta campanha salarial lia-se: "Mais empregados para a Caixa, mais Caixa para o Brasil". Este é o nosso compromisso diante da necessidade de melhorar o atendimento bancário e oferecer dignidade à população.

Além disso, não consideramos justa a lucratividade do banco no primeiro semestre deste ano, que foi 30% maior que os lucros alcançados no mesmo período no ano passado, e que mesmo frente a isso, a Caixa não queria pagar uma Participação nos Lucros e Resultados decente aos seus empregados.

A propósito: os bancos em geral vêm lucrando indiscriminadamente à custa do sofrimento e do suor dos trabalhadores. Em menos de 15 anos o número de bancários foi reduzido de mais de 1 milhão, para pouco mais de 400 mil em todo o país, ao passo que, somente em se tratando de contas correntes, esse número triplicou dentro dos bancos.

Garantimos o atendimento aos aposentados, pensionistas e beneficiários sociais mantendo as salas de auto-atendimento abertas durante os primeiros dias de greve, o que culminou com os dias de pagamento dessa parcela da população. Antes de se chegar à decisão de greve, passamos por várias rodadas de negociação iniciadas ainda no mês de agosto. A paralisação das atividades é a última instância a qual recorremos; nosso último instrumento de luta, que por sua vez é também legítimo.

Felizmente, saímos vitoriosos. Acreditamos na força dos trabalhadores. Foram eles que garantiram a toda categoria a manutenção dos direitos, sem retrocesso. Aos que perderam as esperanças no meio do caminho, fica a lição: juntos, somos uma categoria e como tal, merecemos respeito e dignidade!