Mas até a posse do presidente eleito, petroleiros seguem vigilantes contra ameaças de privatização da Petrobrás. Assessor de Paulo Guedes foi colocado na empresa com a tarefa de preparar a venda da estatal
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) comemora a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a alegria e a certeza de que o processo de reconstrução do Brasil está em curso. A vitória de Lula mostra que venceram a preservação da democracia e o desejo de desenvolvimento e crescimento econômico do país com inclusão, justiça social, distribuição de renda e integridade do patrimônio nacional.
Porém, até a posse do presidente eleito, em 1º de janeiro de 2023, a categoria petroleira seguirá vigilante em defesa da preservação da Petrobrás e demais empresas estatais.
A FUP e seus treze sindicatos filiados denunciam movimentos já feitos por Bolsonaro no sentido de forçar a privatização da maior empresa do país, que ao longo desse governo vem sendo vendida aos pedaços, de forma açodada, a preço de banana.
Desde o início da gestão Bolsonaro, em janeiro de 2019, foram privatizados 63 ativos da Petrobrás, sem transparência, e a toque de caixa. Há o receio de que até o final do ano, ainda sob Bolsonaro, sejam promovidas novas liquidações, às pressas.
O processo avança, com a condução de Fernando Antônio Ribeiro Soares à assessoria do presidente da Petrobrás Caio Paes de Andrade, em Brasília. Soares já está dando expediente no edifício Edibra, na capital federal. Ele foi cedido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, com a missão de preparar a privatização da empresa. Homem de confiança de Guedes, foi ele que fez os modelos da BR Distribuidora/Vibra e Eletrobras.
“A FUP e seus sindicatos temem que, até 31 de dezembro, Bolsonaro tente se engajar em uma política de “terra arrasada”, podendo destruir ou remover documentos, prejudicar a capacidade administrativa do governo federal, entre outras coisas”, destaca o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Durante a campanha eleitoral, a FUP contribuiu com sugestões para o programa de governo de Lula, com propostas para o fortalecimento da Petrobrás como indutora do desenvolvimento regional e nacional, e uma nova política de preço de combustíveis que leve em conta a condição do Brasil de autossuficiente em petróleo, ou seja, tendo grande parte de seus custos em real.
“A atual política de preço de paridade de importação (PPI), que se baseia nas cotações internacionais do petróleo, na variação do dólar e nos custos de importação, só interessa aos grandes acionistas, majoritariamente estrangeiros, que vêm recebendo dividendos recordes enquanto mais de 30 milhões de brasileiros vivem em situação de insegurança alimentar”, afirma Bacelar.
Ele lembra que com o PPI, os preços dos combustíveis no governo Bolsonaro (de 1º de janeiro de 2019 até o momento) atingiram reajustes recordes, nas refinarias. A gasolina subiu 118,3%, o diesel 165,9% e o gás de cozinha 96,7%, enquanto a inflação acumulou 24,9% e o salário mínimo subiu 21,4% no período.