Vinte anos após a tragédia da P-36, o que mudou? Participe da live do Sindipetro-NF

Nesta segunda-feira, 15/03, completa 20 anos do trágico acidente com a P-36, quando 11 petroleiros foram mortos em decorrência da explosão de um tanque numa das colunas da plataforma. A unidade afundou dias após, levando para o fundo do mar os corpos de dez das vítimas. Além dos 11 trabalhadores que perderam a vida no acidente, outros 175 que estavam a bordo sofrem até hoje o trauma decorrente das explosões e afundamento da plataforma

[Da comunicação do Sindipetro NF]

Na semana em que a tragédia da plataforma P-36 completa 20 anos, o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP), vai promover debates com a categoria petroleira e a sociedade sobre saúde e segurança no trabalho.

Nesta segunda (15/3), às 19h, no canal do Sindipetro-NF no YouTube, o sindicato realiza uma transmissão ao vivo para conversar com trabalhadores e trabalhadoras sobre esse grave desastre.

Também haverá nesta semana uma edição especial do podcast semanal da Rádio NF com entrevistas exclusivas feitas pelo Departamento de Comunicação do Sindipetro-NF sobre o caso P-36. Dirigentes sindicais, sobreviventes da tragédia e familiares reconstituem os dias do acidente e avaliam as condições de segurança dos trabalhadores.

O objetivo das ações é fazer um balanço das conquistas de petroleiras e petroleiras pela segurança no trabalho, assim como apontar as lições que as empresas petrolíferas, em especial a Petrobras, insistem em não aprender com a tragédia e com tantos outros acidentes que continuam sendo registrados nas operações de óleo e gás.

“Precisamos lembrar sempre do que aconteceu com a P-36, ainda mais neste momento, em que a tragédia completa 20 anos e estamos assistindo a um desmonte da Petrobrás, com reflexos negativos diretos na segurança de suas operações. A interdição de quatro plataformas da Trident Energy na Bacia de Campos, em dezembro passado, unidades de campos que a empresa adquiriu da Petrobrás, são prova de que o risco às vidas dos trabalhadores e ao meio ambiente não está na prioridade das empresas de óleo e gás. E isso não ocorre apenas em plataformas marítimas, mas também em refinarias, terminais e bases terrestres da Petrobrás”, explica o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.

A FUP e demais sindicatos também relembrarão a trágica data, com atos, cards em redes sociais e textos.

Duas explosões na P-36

No início da madrugada de 15 de março de 2001, a P-36, então a maior plataforma de produção do mundo, que operava no campo de Roncador, na Bacia de Campos, sofreu duas explosões em uma de suas colunas num intervalo de 20 minutos. A segunda explosão causou a morte dos 11 trabalhadores que integravam a brigada de incêndio da unidade. Apenas dois corpos foram recuperados.

Segundo relatório da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), após a segunda explosão,138 trabalhadores foram desembarcados, o que durou três horas e meia, permanecendo a bordo da unidade apenas a equipe de emergência. O time permaneceu na P-36 até às 6h30 para tentar mantê-la nivelada, mas, diante do insucesso na ação, foi desembarcada.

Houve várias tentativas de estabilizar a unidade, “particularmente a injeção de nitrogênio e ar comprimido nos compartimentos alagados para expulsão da água”, aponta o documento da agência reguladora, mas nenhuma delas teve sucesso. Após cinco dias de angústia, a P-36 foi a pique às 11h40 do dia 20 de março de 2001, levando consigo os corpos dos 11 trabalhadores mortos na tentativa de combater o incêndio na unidade.

Deficiências de gestão operacional

A análise da agência reguladora constatou “sistema de comunicação e coordenação deficientes entre a equipe de resposta à emergência e o comando da plataforma”, além de “coordenação e treinamento deficientes de pessoal nas ações de controle de estabilidade em emergência”. Isso mostra o descaso da Petrobras para com os trabalhadores da unidade, que, à época, ainda acusaram a empresa de sobrecarga de trabalho e empregar terceirizados em excesso na plataforma.

Em suas conclusões, o relatório da agência apontou “deficiências no sistema de gestão operacional das atividades marítimas de petróleo e gás natural da Petrobras na condução das atividades específicas à plataforma P-36”. Ainda segundo o documento, “a ineficácia das medidas para conter o alagamento ou proceder ao desalagamento da coluna de popa boreste, após o rompimento do tanque de drenagem de emergência, demonstraram falhas no esquema operacional de controle de estabilidade de unidade flutuante, em condições de avaria”.

Entre as recomendações da comissão de investigação da ANP constava o aprimoramento do sistema de gestão operacional, com “revisão e aplicação do sistema de gestão de modo a assegurar estrita observância de procedimentos regulamentares, inclusive efetuando a revisão da definição de responsabilidades relativas à manutenção, operação e segurança”; a revisão de critérios de projeto; e o dimensionamento e capacitação de pessoal, de forma a “reavaliar o dimensionamento e a qualificação das equipes de operação e manutenção de unidades marítimas, bem como daquelas responsáveis pela resposta a emergências de grande risco”.

A tragédia da P-36, além de provocar a morte de 11 petroleiros, marcou para sempre a categoria petroleira e o mundo do petróleo como um dos maiores acidentes da indústria petrolífera na história.

Jamais esqueceremos

Adilson Almeida de Oliveira

Charles Roberto Oscar

Emanoel Portela Lima

Ernesto de Azevedo Couto

Geraldo Magela Gonçalves

Josevaldo Dias de Souza

Laerson Antônio dos Santos

Luciano Cardoso Souza

Mário Sérgio Matheus

Sérgio dos Santos Souza

Sérgio dos Santos Barbosa