Venezuela repele ingerência dos EUA com “sistema soberano”

Vermelho

O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), principal força política do país, avança nesta segunda-feira (18), junto aos seus aliados, com a ativação dos comandos estaduais de campanha. Trata-se da preparação para as eleições que ocorrerão no próximo 14 de abril, para as quais o país também investe em mecanismos que garantam a estabilidade, com um sistema eleitoral justo e soberano.

Jorge Rodríguez, chefe do Comando de Campanha Hugo Chávez, indicou que a criação das instâncias regionais responde à importância de garantir a vitória do atual presidente encarregado, Nicolás Maduro, candidato das forças revolucionárias.

Na capital venezuelana, Caracas, o objetivo do partido chega a 800 mil votos, superior aos 650 mil registrados a favor do presidente Hugo Chávez, nas eleições realizadas em outubro passado.

Segundo o cronograma estabelecido pelo PSUV e seus aliados, antes que o mês de março termine, devem ter sido enviadas todas as forças das equipes aos bairros, que se manterão nessa condição até a data da eleição.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) convocou as eleições, com base na Constituição venezuelana, para o dia 14 de abril, depois do falecimento do presidente comandante Chávez, em 5 de março. A campanha eleitoral deve ocorrer entre os dias 2 e 11 de abril.

Sistema eleitoral

A presidenta do CNE da Venezuela, Tibisay Lucena, rechaçou declarações feitas pela subsecretária de Estado dos Estados Unidos, Roberta Jacobson, que havia questionado a segurança e a transparência do sistema eleitoral venezuelano.

A subsecretária havia “apelado” para que as eleições, que acontecerão em 14 de abril na Venezuela, sejam “justas e credíveis”, como se não se cumprisse “com essas condições fundamentais”, criticou Tibisay. A presidenta do CNE disse que a Venezuela considerou as declarações “infelizes” e as caracterizou como uma “ingerência que rechaçamos contundentemente.”

Tibisay lembrou que o sistema eleitoral venezuelano tem o reconhecimento nacional e internacional, tanto pela confiança dos eleitores, internamente, quanto pela qualificação, externamente, do sistema venezuelano como o “melhor sistema eleitoral do mundo”, segundo o ex-presidente estadunidense Jimmy Carter.

Além disso, a presidenta do CNE também criticou o sistema eleitoral dos EUA. Segundo Tibisay, “sabemos que o sistema eleitoral dos Estados Unidos é frágil, inseguro e excludente das minorias populares”. Nos Estados Unidos, de acordo com a presidenta, o sistema não só não é auditado, mas também “durante muito tempo os cidadãos estiveram lutando para que possam auditar depois da votação.”

Já na Venezuela, “nos baseamos em todas as auditorias, que permitem que um sistema seja mais que uma plataforma, seja o instrumento de soberania de todo um povo, e por isso nos asseguramos de que todas as suas partes sejam auditadas”, continuou.

Tibisay lembrou ainda do papel das empresas, nos Estados Unidos, “que mantêm o controle das auditorias como um segredo, enquanto as instituições não têm permissão para acedê-las”, e que os resultados completos das últimas eleições foram tornados públicos dois meses depois das votações.

Estabilidade para as eleições

A presidenta do CNE venezuelano deu ainda mais uma série de exemplos que comparam o avanço do sistema eleitoral e de auditorias da Venezuela em comparação com o sistema estadunidense, e complementou dizendo que “o desenvolvimento de uma política soberana de respeito, que supera a tutela e a subordinação de umas repúblicas frente a outras foi uma decisão do poder eleitoral. Nosso sistema é um dos mais abertos do mundo”.

Ainda assim, o CNE está empreendendo ações dirigidas à garantia da estabilidade do país para as próximas eleições presidenciais, que acontecerão em poucas semanas.

O órgão também garantiu que cumpre o disposto pela Constituição do país, através da qual foi estipulado um prazo de 30 dias para a realização das eleições desde que o vice-presidente Nicolás Maduro assumiu a presidência, em substituição ao presidente Hugo Chávez.

Assim mesmo, o órgão também indicou que haverá acompanhamento internacional das eleições, e que, para tanto, uma missão da União de Nações Sul-americanas (Unasul) chegará ao país no dia 7 de abril, além de outros especialistas que devem chegar a partir do dia 10.

Comunicação popular

O governo venezuelano também destacou, nesta segunda, os mecanismos alternativos de comunicação popular como uma de suas prioridades, para a transmissão de mensagens às comunidades.

Neste sentido, lançou o Sistema Bolivariano de Comunicação e Informação (SIBCI), que contempla ações para além das atividades dos meios tradicionais.

Como parte dos esforços, o Ministério da Cultura colocou à disposição a emissora Alba Ciudad 96,3, o semanário Todos Adentro, a TV Todos Adentro e a Fábrica de Meios Audiovisuais.

Para o titular da pasta, Pedro Calzadilla, também podem ser criados outros sistemas, com revistas, exposições na Cinemateca Nacional comunitária e encontros culturais. Além disso, Calzadilla mencionou o potencial das “brigadas de Missão Cultura”, presentes nos oito estados do país, e da Imprensa da Cultura, entre outros mecanismos.