Venda do bloco de Carcará acelera a privatização da Petrobrás

 

O Conselho de Administração da Petrobrás bateu o martelo e aprovou na última quinta-feira (28) a venda de mais um importante ativo de patrimônio: a participação no bloco exploratório BM-S-8, denominado “Carcará”.

O bloco está localizado na Bacia de Santos (SP) e é hoje operado pela Petrobras (66%) em parceria com a Petrogal Brasil S.A. (14%), Queiroz Galvão Exploração e Produção S.A (10%) e Barra Energia do Brasil Petróleo e Gás Ltda (10%).

Por US$ 2,5 bilhões, a empresa estatal norueguesa Statoil adquiriu uma área de produção que pode ter valor três vezes superior na cotação atual do barril, cerca de US$ 40, em uma estimativa conservadora.

Carcará tem entre 700 milhões e 1,3 bilhão de barris de petróleo. De acordo com a nota da Petrobras sobreo bloco, emitida em 2013, a partir de 5.742 metros de perfuração “foi identificada uma expressiva coluna de, ao menos, 471 metros de óleo de ótima qualidade”, com 402 metros em reservatórios carbonáticos “de excelentes características de porosidade e permeabilidade”.

“No quesito ‘entreguismo’, o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, que foi nomeado pelo governo ilegítimo, já deu demonstrações de sua expertise. Ele transformou a Petrobrás na única empresa petrolífera do mundo a abrir mão de suas melhores jazidas, como o é o campo de petróleo Carcará”, afirma Mário Dal Zot, presidente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina.

Bom para “estrangeiro ver”

Após comprar Carcará, o presidente da Statoil no Brasil, Pal Eitrheim, disse que o país sedia dois dos mais importantes projetos da empresa para a próxima década. A referência é Carcará e a descoberta de três áreas no pré-sal feitas em bloco operado em parceria com a espanhola Repsol na Bacia de Campos, batizadas de Pão de Açúcar, Gávea e Seat.

A Statoil também revelou ter interesse em participar do próximo leilão de áreas de exploração no pré-sal, previsto para acontecer no ano que vem. Em maio, a estatal norueguesa extraiu mais de 45 mil barris de petróleo e gás por dia no pré-sal. A empresa também é sócia da Petrobrás em oito blocos exploratórios no Espírito Santo.

“A exploração no pré-sal é um excelente negócio, mas só a Petrobrás nesses tempos de governo Michel Temer não tem interesse”, criticou Dal Zot.

Plano de Venda de Ativos

Com essa nova privatização de um patrimônio da Petrobrás e do povo brasileiro, Pedro Parente acelera o Plano de Negócios e Gestão (PNG) da empresa e já cumpre 30% da meta de venda de ativos do biênio 2015-2016.

A lista de patrimônios vendidos atingiu a marca de US$ 4,5 bilhões e inclui, além de Carcará (US$ 2,5 bilhões), a Petrobrás Argentina (US$ 897 milhões), a Petrobrás Chile (US$ 464 milhões), os 49% da Gaspetro (US$ 540 milhões) e os ativos da Bacia Austral, na Argentina (US$ 101 milhões).

Mais privatização

O desmanche da maior empresa da América Latina segue em curso acelerado. A direção da empresa está negociando uma série de outros ativos importantes, como a Nova Transportadora do Sudeste (NTS), a BR Distribuidora, a Liquigás, terminais de GNL, termelétricas, campos terrestres, campos em águas rasas, fábricas de fertilizantes nitrogenados (Fafens), a Petroquímica Suape e a Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe).

Reação dos trabalhadores

Entre os dias 1 e 5 de agosto, os petroleiros dos campos maduros de produção (terrestres e em águas rasas) do Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas, Sergipe, Bahia e Espirito Santo paralisam atividades para lutar contra a privatização desses ativos. No restante do país, como nas unidades da Petrobrás no Paraná e em Santa Catarina, a categoria aprovou a realização de atrasos no expediente e outras formas de mobilização em solidariedade aos petroleiros dos campos maduros.

 

VIA Brasil de Fato