A venda a toque de caixa de ativos estratégicos do Sistema Petrobrás pela gestão de Pedro Parente tem sido alvo de embates e questionamentos jurídicos por parte dos trabalhadores, que denunciam os prejuízos que a empresa e o país vem sofrendo em função da privataria do governo Temer. Nesta terça-feira (29), a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) divulgou parecer reprovando a venda da Liquigás, subsidiária integral da Petrobrás, cuja negociação foi autorizada pelo Conselho de Administração da estatal, em novembro do ano passado.
A empresa foi vendida por R$ 2,8 bilhões para o Grupo Ultrapar Participações, dono da Ultragaz, principal concorrente da subsidiária da Petrobrás e que passará a ter o controle de 50% do mercado de gás de cozinha no país, como já havia denunciado a FUP. As mudanças recentes que a gestão Pedro Parente fez na política de preços do gás liquefeito de petróleo (GLP) beneficiam as distribuidoras, em detrimento do consumidor que já amarga no bolso o aumento que o produto sofreu. Essas mudanças, coincidentemente, ocorreram no rastro da privatização da Liquigás.
O parecer do CADE contrário à venda da subsidiária sinaliza que o órgão identificou preocupações em relação à concorrência no mercado.
“O presidente Lula trouxe a Liquigás para o sistema Petrobras para tentar regular o preço do gás no país, mas a atual administração chegou, passou o ferro e vendeu. Os reajustes são baseados no preço do petróleo internacional e isso já está causando prejuízo grande para a população carente, principalmente”, afirmou recentemente o coordenador da FUP, José Maria Rangel, em entrevista à Rede Brasil Atual.
A privataria conduzida por Pedro Parente, além de causar graves prejuízos à Petrobrás, que perde cada vez mais o seu papel de empresa integrada, beneficia diretamente às concorrentes da estatal, principalmente as multinacionais, que estão avançando no controle de setores estratégicos do mercado, como o transporte e distribuição de derivados de óleo e gás. Isso fará com que o consumidor brasileiro fique à mercê dos oligopólios privados.
Além disso, vários dos ativos que estão na lista de privatização, como campos de petróleo, refinarias, fábricas de fertilizantes, usinas de biodiesel e vários outros, tiveram seus valores depreciados em R$ 112 bilhões nos últimos anos, através de manobras contábeis para facilitar a entrega. Um prejuízo 17 vezes maior do que as perdas financeiras que a Petrobrás registrou com crimes de corrupção.
FUP