Valter Pomar: "Ataques à Líbia são afronta imperial à soberania e à autodeterminação dos povos"

O historiador e integrante do Foro São Paulo foi um dos expoentes na reunião em que a direção executiva da CUT discutiu a atual conjuntura política nacional e internacional…





Leonardo Severo, da CUT

“Defendemos a soberania nacional e a autodeterminação do povo líbio, que está sendo vítima da agressão e da arrogância imperial, com suas zonas de exclusão aérea e bombardeios que têm provocado a mortandade  dos mesmos civis que alega defender. É preciso denunciar a hipocrisia desta intervenção militar estrangeira, que nunca instalou nem nunca vai instalar democracia em lugar nenhum”.

A afirmação é de Valter Pomar, integrante do Foro de São Paulo e ex-secretário de Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores, em debate com a Direção Nacional da CUT nesta quinta-feira em Brasília. Com uma intervenção focada na conjuntura internacional, em que deu destaque à questão Líbia, Valter ressaltou que “quando as grandes potências decidem intervir não é para defender democracia ou direitos humanos, mas seus interesses políticos e econômicos”, citando o comportamento xenófobo dos governos europeus que erguem imensas barreiras para os migrantes. “Isso acrescenta um elemento a mais na panela de pressão, pois não há válvula de escape para os povos dos países que sofrem com o impacto da crise econômica, energética, alimentar, provocada pelos países centrais do capitalismo”, agregou.

O dirigente do Foro de São Paulo alertou para a manipulação realizada pelos grandes meios de comunicação em favor de um falso “imperialismo humanitário”, inventando pretextos para a intervenção na Líbia da mesma forma como já foi feito no Iraque, no Afeganistão e na Iugoslávia, com um saldo de centenas de milhares de mortos. “Segundo nos diziam do governo Kadafi, os civis estavam sendo agredidos. Esse foi o discurso que justificou a intervenção da chamada coalizão, que está mandando bombas em cima da população civil. Ou seja, agora seriam bombas dos dois lados. Sendo assim, a situação melhorou ou piorou?”.

Pomar acredita que a única forma de confrontar este tipo de manipulação midiática é investir na democratização dos meios de comunicação, na melhoria da qualidade da educação e na independência ideológica, para que a população não seja reduzida a mera reprodutora acrítica dos conteúdos transmitidos pelas agências internacionais.

Para Valter Pomar, há uma guerra civil no país que opõe dois lados armados, um deles com o apoio da coalizão. “A intervenção não ajuda, é a reedição da experiência colonial. Até porque os EUA não fecharam a prisão de Guantánamo, não acabaram com o bloqueio a Cuba e nem tiraram as tropas do Iraque e do Afeganistão”.