Por Divanilton Pereira*
Não só os analistas comprometidos com o ciclo político descortinado pelo povo latino-americano e caribenho a partir de 1998, mas também nós lutadores sociais, já concluímos que o hegemonismo político é uma chaga que isolou e fragilizou esses processos progressistas. Brasil e Venezuela são exemplos mais explícitos dessa insuficiência. Neste último, o líder bolivariano reconheceu isso publicamente.
Como em todos os processos mudancistas há as organizações âncoras, que pelo seu tamanho e influência social, os lideram legitimamente. Contudo, não devem subestimar os verdadeiros adversários e/ou monopolizar as estruturas gestoras. Precisam compartilhar os debates decisórios e com uma visão estratégica, contribuir para o crescimento do seu núcleo central e aliados. Um projeto nacional deve ser o instrumento central para coesionar as forças políticas partícipes e não a troca.
O PT é um dos partidos de esquerda mais importante no mundo. Teve uma meteórica vitória no Brasil e liderou uma frente de centro-esquerda que patrocinou mudanças políticas, econômicas e, sobretudo, sociais, históricas para o nosso povo. No entanto, mesmo após a interrupção desse projeto, menospreza revisar sua postura, particularmente com os seus verdadeiros aliados.
O PCdoB e as organizações sociais das quais participamos foram protagonistas na resistência desde o suposto mensalão até o golpe recente. Na linha de frente em defesa do PT, de seus principais líderes e contra as forças reacionárias do país. O fizemos e faremos novamente em defesa do país, de nosso povo e de nossa democracia. Não houve e nem haverá outra razão para a nossa postura política. Por isso não cobramos publicamente responsabilidades ou reconhecimento fortuito pelo nosso papel.
No entanto, criticamos suas táticas que direta ou indiretamente apoiam o nosso isolamento, as nossas derrotas ou impedem o nosso legítimo crescimento.
São posturas só explicáveis por quem ainda pensa que somos uma sublegenda do PT ou uma mera e eterna corrente de opinião que só tem o papel de apoiar ou defendê-lo. Caso isso prevalecesse, seria uma pequenez que não corresponde com a grandeza de um Partido como o PT.
Nas eleições sindicais, por exemplo, essas manifestações continuam, mesmo num contexto desfavorável à esquerda brasileira e em especial, à classe trabalhadora. Ou nós estamos com eles ou nós somos seus “inimigos”. Outras vezes, somos o alvo principal para os seus ataques. São leituras táticas congeladas que não correspondem objetivamente ao momento que eles atravessam, mas mesmo assim, continuamos até hoje solidários e como aliado prioritário. Para nós a história registra, mas uma pena que nem todos os atores assim percebam.
Reiteramos – inclusive em nosso programa – mais uma vez que, por maior que seja a organização partidária ou social no Brasil, ela sozinha não conseguirá realizar as mudanças estruturais que o país demanda. Sem essa percepção poderemos ficar sempre na beira da praia.
Soergamo-nos, mas juntos, companheiras e companheiros!
*Divanilton Pereira é membro do Comitê Central do PCdoB