Por vezes olhamos para eventos históricos e acreditamos que apenas os outros são capazes de empreendê-los. Parecem fatos perdidos no passado, que não têm mais condições de serem reproduzidos no presente.
Há uma grande dose de ousadia para que algo rompa o que é previsível ou “normal” em umadeterminada época e se torne revolucionário, diferente, indutor de novas formas de agir e de pensar.
Foi assim que os petroleiros, 15 anos atrás, se comportaram. Quando todas as condições eram desfavoráveis para a realização de uma grande greve, quando um governo fortalecido pelas urnas gozava ainda a popularidade do primeiro ano de mandato, e as teses neoliberais ainda eram consideradas verdades econômicas absolutas, a categoria realizou uma greve que durou 32 dias e enfrentou duras consequencias da repressão ao movimento.
Cortes nos recursos dos sindicatos, tanques do exército nas refinarias, demissões e punições. Tudo isso enfrentado com a coragem dos que têm a nítida consciência de que não podem se calar. Esta resistência é hoje reconhecida como tendo sido vital para que a Petrobrás se tornasse o que é hoje. Se não foi possível evitar a quebra do monopólio estatal do petróleo, não foi pequena a vitória de ter impedido a privatização da empresa como, embora negue, queria FHC.
Agora os petroleiros têm novos desafios. E não está longe o dia em que teremos que fazer uma grande greve nacional para exigir condições seguras de trabalho para todos os petroleiros, de todas as empresas do setor. Não há boletim do sindicato que não registre uma ocorrência com voo, um acidente com trabalhador, uma morte. São quase 300 vidas perdidas na atividade do petróleo no Brasil em menos de dez anos.
Esta realidade é inadmissível! E, mais uma vez, não nos calaremos!