Um acidente após o outro. Petroleiros e meio ambiente em risco

Imprensa da FUP

Nas últimas semanas, a FUP noticiou uma série de situações que têm colocado ainda mais em risco os trabalhadores das unidades do Sistema Petrobrás, assim como as comunidades vizinhas e o meio ambiente. Acidentes e incidentes praticamente diários nas refinarias, plataformas e terminais; redução dos efetivos; cortes de custos no Abastecimento; descumprimento das normas de segurança; desmantelamento das brigadas de incêndio; subnotificação de acidentes, entres outros absurdos que a FUP e seus sindicatos constantemente denunciam. Enquanto os gestores da empresa acumulam em seus gabinetes avaliações e estudos que quase nunca saem do papel, os trabalhadores das áreas operacionais perdem vidas, adoecem e são mutilados.

24/03/2012 – Morte na Refinaria Abreu e Lima

No último dia 24, o vigilante Almir da Silva Marques, 34 anos, morreu ao ser atropelado dentro da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, junto com um colega, que, por sorte, sobreviveu ao acidente. Almir iria se casar nos próximos dois meses. Sua morte chocou e revoltou os demais trabalhadores que atuam nas obras da refinaria, onde, segundo o Sindipetro-PE/PB, ocorrem em média cinco acidentes por semana.

Antes mesmo de começar a produzir, a refinaria já levou à morte dois trabalhadores nos últimos dois anos. Em setembro de 2010, o eletricista Milton José da Silva, 51 anos, perdeu a vida durante um acidente na refinaria, quando sofreu uma descarga elétrica violenta e caiu de uma altura de 12 metros. Acidentes que poderiam ter sido evitados se a Petrobrás desse a devida importância às denúncias do sindicato, que tem constantemente criticado as péssimas condições de trabalho.

25/03/2012 – Fogo na Fafen-BA e contaminação de gás na P-43

Na Fafen-BA, o caldeireiro Manuel Dias Lima, da Nipon, sofreu queimaduras de segundo grau nas costas, pescoço e braços, quando trabalhava na parada de manutenção da unidade de amônia no último dia 25. Houve vazamento de hidrogênio, que, em contato com o ar, gerou fogo e atingiu o trabalhador. Nesse mesmo dia, quatro petroleiros da plataforma P-43, na Bacia de Campos, foram contaminados durante o vazamento de um produto químico utilizado para capturar H2S (ácido sulfítrico, também conhecido como gás da morte). Os trabalhadores tiveram que ser desembarcados e foram transferidos para o hospital de Macaé, com enjoos, ardor nos olhos e irritação em mucosas.

26/03/2012 – Vazamento na Replan

Um trabalhador da empresa Niplan teve o rosto e o braço direito gravemente queimados, ao ser atingido por um jato de óleo quente, durante um vazamento na unidade de destilação da Replan. O acidente foi no dia 26 e como o trabalhador estava com óculos de proteção, felizmente, não teve os olhos atingidos. Apesar da gravidade do acidente, a chefia da unidade não acionou o alarme de emergência, nem o resgate para socorrer a vítima, que teve de ir andando até o ambulatório, ajudada pelos companheiros de trabalho. O trabalhador foi encaminhado ao Hospital de Queimados, em Limeira (SP).

28/03/2012 – Interdição no Terminal de Suape

Fiscais do Ministério do Trabalho interditaram no dia 28 as instalações de análise de GLP do laboratório do Terminal de Suape (PE), onde no dia 08 de março a técnica química, Maria José Dias dos Santos, sofreu um grave acidente e teve 31,5% do corpo atingidos por queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus. Todos os equipamentos de análise de GLP foram interditados e os fiscais deram prazo até o dia 10 de abril para que a Transpetro cumpra as normas regulamentadoras das atividades em laboratório. Em função da interdição, a transferência de GLP do terminal para as empresas distribuidoras está suspensa.

“SMS é autoritário e subordinado às metas operacionais”

Durante o Congresso de SMES realizado pela Petrobrás nos dias 27, 28 e 29 no Rio de Janeiro, o coordenador da FUP, João Antônio de Moraes, tornou a cobrar que a saúde e segurança dos trabalhadores estejam acima das metas de produção. Pela primeira vez, as representações sindicais participaram do seminário, que é realizado pela empresa há três anos, mas ouvia somente os gerentes, técnicos e especialistas convidados. Ao todo, mais de 60 militantes sindicais participaram do evento, comprovando que as questões de SMS são prioridade da categoria.

 “A política de SMS da Petrobrás é autoritária e subordinada às metas operacionais”, ressaltou Moraes, ao dividir uma das mesas de debate com o gerente executivo do setor, Ricardo Azevedo. Ele criticou os gestores da empresa por não admitirem visões diferentes e tratarem como problema os conflitos que são inerentes à relação capital x trabalho. “Acidentes como o da P-36, BP e Chevron poderiam ter sido evitados se os trabalhadores e os sindicatos tivessem voz ativa na definição das políticas de SMS”, declarou o coordenador da FUP.