Coordenador da FUP afirma que estrutura de apoio à saúde mental dos empregados está sendo desmontada; Petrobras diz que mantém iniciativas
[Do jornal Metro 1]
Após uma auditoria do Ministério da Economia e do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (Cesat) responsabilizar a Refinaria Landulpho Alves (RLAM) pela morte de um funcionário, o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, afirmou ao Metro1 que casos de adoecimento e suicídio se tornaram comuns entre os empregados da Petrobras.
Segundo ele, a causa é a instabilidade trazida pelo processo de “desinvestimento” e privatização da estatal. “Para nós, esse processo investigativo foi muito importante porque denunciou que o companheiro se matou dentro do local de trabalho por causa de toda essa pressão. Isso evidencia que esse problema da saúde mental não é bem tratado dentro da Petrobras. Principalmente agora, com esses casos de privatizações que obrigam as pessoas a tomar decisões, se vão continuar na empresa, se irão para outros locais”, disse o coordenador do sindicato dos petroleiros.
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Em 22 de setembro de 2020, um empregado da unidade situada em São Francisco do Conde, Região Metropolitana de Salvador, cometeu suicídio no local, durante seu turno de trabalho. O petroleiro, que exercia a função de coordenador técnico operacional, tinha 40 anos, era casado e deixou dois filhos, com oito e dois anos de idade. A auditoria apontou que a morte do trabalhador foi causada por “condições de trabalho desfavoráveis, ambiente de insegurança, de tensão e de mal-estar coletivo”, devido ao processo de privatização da RLAM.
De acordo com o coordenador da FUP, a estrutura de apoio à saúde mental dos empregados está sendo desmontada desde o anúncio da venda da planta. “Antes, nós tínhamos esses profissionais. Há um processo de sucateamento que não é divulgado. A refinaria tinha duas psicólogas próprias, concursadas da Petrobras, além de assistentes sociais. Tudo isso tem sido reduzido. Agora, após o suicídio do companheiro, a gestão da empresa contratou uma assistente social terceirizada e deslocou um psicólogo que atuava em outra unidade. Mas ainda é muito pouco”, afirma.
Outro lado
Em nota ao Metro1, a Petrobras não respondeu aos questionamentos específicos sobre a RLAM. A empresa informou que “tem iniciativas voltadas para a promoção da saúde integral, incluindo ações voltadas à saúde mental”. De acordo com a estatal, os programas foram reforçados desde o início da pandemia. “É importante destacar que durante o processo de desinvestimento há comunicação constante com os empregados e apoio local de equipes de recursos humanos e saúde”, diz o texto.