TCU questiona valor de venda da Rlam e pode suspender operação

Mobilização da FUP, sindicatos e parlamentares contribuiu para medida do Tribunal

A decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de questionar o valor de venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM ), na Bahia, abaixo do mercado – como pretende a atual gestão da Petrobrás –  foi motivada pela ampla  articulação da  Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos   junto às bancadas da oposição e minoria no Congresso Nacional, e com a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobrás. O TCU está cumprindo seu papel de proteger o patrimônio nacional, analisando informações técnicas que mostram que a refinaria  foi vendida para fundo árabe Mubadala por US$ 1,65 bilhão, 50% abaixo do valor de mercado. A análise do TCU pode levar à suspensão do negócio.

Este é um trabalho de mobilização conjunto e permanente contra o processo de desmonte e privatização da Petrobrás e de demais estatais, e em defesa da soberania nacional. A venda da RLAM a preço aviltado é um crime ao patrimônio brasileiro, nociva à sociedade e aos acionistas da empresa, sobretudo os minoritários”, destacou o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, ao comentar a medida do TCU, divulgada em matéria no site do Estado de S Paulo, na noite desta quarta-feira, 31/3. A reportagem revelou que o valor que chegou a ser definido pela própria petroleira era de US$ 3,04 bilhões. Também este foi o valor avaliado por estudos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).

Várias iniciativas na área jurídica vêm sendo feitas pela FUP e sindicatos contra a venda da RLAM por valor abaixo do mercado. Em fevereiro, os petroleiros entraram com ação popular na Justiça Federal da Bahia, assinada também pelos senadores Jaques Wagner (PT/BA), ex-governador da Bahia, e Otto Alencar (PSB/BA), que preside a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.


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A denúncia ao TCU pede a suspensão imediata da venda da refinaria baiana, negócio lesivo ao caixa da Petrobrás e aos cofres públicos. Os deputados Bohn Gass (PT/RS), líder da bancada petista na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT/SP), líder da minoria, e Joseildo Ramos (PT/BA) encaminharam pedido de habilitação à denúncia ao TCU, reforçando ainda mais o processo, ao lado do senador Jean Paul Prates (PT/RN), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobrás e líder da minoria no Senado. A indicação desses parlamentares foi decidida em reunião dos líderes de bancadas de todos os partidos de oposição.

Papel também fundamental para a decisão do TCU foi desempenhado pela Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro) que, ainda em fevereiro, deu entrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) com uma representação por eventuais atos lesivos ao patrimônio da Petrobrás e aos interesses de seus acionistas, caso se concretizasse a venda da refinaria ao fundo Mubadala, de Abu Dhabi, por valor 50% abaixo daquele avaliado pelos estudos do Ineep, e 35% aquém do preço justo, de acordo com o BTG Pactual. O valor foi questionado também pela XP Investimentos.

 [Da assessoria de Comunicação da FUP]