Em greve há 12 dias, petroleiros de diferentes regiões do país seguem mobilizados, denunciando os impactos das privatizações no Sistema Petrobrás, como a precarização das condições de trabalho, os riscos de acidentes e o avanço da Covid-19 nas instalações da empresa. Trabalhadores de quatro estados participam do movimento desde o último dia 05, quando os petroleiros da Refinaria Landhulfo Alves (Rlam) retomaram a greve na Bahia. Desde então, a categoria vem atendendo ao chamado de paralisações feito pelos sindicatos da FUP no Amazonas, no Espirito Santo e em São Paulo.
Na Bahia, a greve avança com a participação dos petroleiros dos campos terrestres e do Terminal Madre de Deus, que também sofrem os impactos das privatizações. Nesta terça-feira, 16, houve adesão dos trabalhadores próprios e terceirizados do Campo de Buracica. O Sindipetro BA também retomou esta semana as ações solidárias de descontos para a população na compra de combustíveis (saiba mais aqui), mobilização que a FUP e seus sindicatos realizam desde 2019 para debater com a sociedade a importância da Petrobrás enquanto empresa estatal e da urgência de uma política de Estado para o setor de óleo e gás, que garanta o abastecimento nacional de derivados de petróleo, com preços justos para os consumidores.
No Espírito Santo, onde os trabalhadores da UTG-C, dos campos terrestres e das plataformas vêm participando das mobilizações, a greve nesta terça foi ampliada para a UTG-SUL. Para protestar contra as péssimas condições de trabalho, os petroleiros iniciaram uma “greve de alimentação”, com boicote produtos fornecidos pela Petrobrás. “Essa situação extrapolou o limite do aceitável após o novo contrato de llimentação da Unidade, onde as cozinheiras precisam fazer mágica com os produtos de péssima qualidade oferecidos pela empresa. Diante dessa situação, estamos pagando a alimentação desses trabalhadores, incluindo o lanche da tarde”, afirma o coordenador do Sindipetro-ES, Valnisio Hoffmann, informando que o sindicato já enviou diversos ofícios para a empresa, com relatos dos trabalhadores reclamando da alimentação, mas a gerência continua omissa.
Em Pernambuco, os trabalhadores da Refinaria Abreu e Lima e do Terminal Aquaviário de Suape seguem mobilizados, participando de atos e atrasos na frente das unidades, como a que foi realizada nesta terça, pela manhã (veja as fotos abaixo).
As mobilizações continuam também na Refinaria de Manaus (Reman) e nas bases operacionais representadas pelo Sindipetro Unificado de São Paulo.
Na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, onde a greve também foi aprovada, o Sindipetro continua exigindo a suspensão imediata das paradas de manutenção, em função do aumento de trabalhadores infectados pela Covid. Segundo o sindicato, foram confirmados nesta última semana mais de 78 casos de contaminação por coronavírus a Regap, entre trabalhadores efetivos e terceirizados. “Já são 15 casos confirmados na operação em duas semanas, inclusive envolvendo pessoas que estiveram em um mesmo refeitório. Já temos casos de companheiros contaminados que não conseguiram se internar, por falta de leitos em BH. Não iremos aceitar que coloquem o lucro acima da vida da categoria”, afirma Alexandre Finamori, coordenador do Sindipetro-MG.
Na Usina de Xisto (SIX), no Paraná, a greve pode ser deflagrada a qualquer instante, pois a gestão da unidade não respondeu as demandas da pauta de reivindicações aprovada pelos trabalhadores e encaminhada pelo sindicato à empresa.
Surtos de Covid
Surtos de Covid vêm sendo relatados pela FUP por seus sindicatos em diversas unidades do Sistema Petrobrás. Na Rlam, dois operadores morreram em um espaço de uma semana, após complicações geradas pela doença. Segundo o Sindipetro-BA, cerca de 80 trabalhadores já foram contaminados na refinaria nas últimas semanas. Por conta do avanço da pandemia no estado, o sindicato conseguiu que a Petrobrás suspendesse temporariamente as paradas de manutenção.
O mesmo aconteceu no Paraná, na Repar, onde o Sindipetro-PR/SC também convenceu a gestão a postergar para 12 de abril o início das paradas de manutenção. “Continuaremos atentos às condições sanitárias e às taxas de ocupação dos hospitais de Araucária e Região para verificar se a parada de manutenção poderá ser realizada na nova data apontada, visando a segurança de todos os trabalhadores”, informou o sindicato.