Polícia reprime com gás de pimenta trabalhadores do BB durante paralisação em Brasília

Violência marcou mobilização dos bancários no Distrito Federal, nesta quarta-feira (10), durante paralisação nacional contra desmonte do Banco do Brasil

[Da redação do Brasil de Fato]

Um grupo de cerca de 200 trabalhadores do Banco do Brasil que protestavam pacificamente durante a paralisação nacional desta quarta-feira (10) foi agredido com gás de pimenta e golpes de cassetete pela Polícia Militar (PM) em Brasília (DF). Não há informações sobre feridos até o momento.

As agressões ocorreram por volta das 10 horas da manhã no edifício Sede 1, na garagem do setor bancário sul, onde se concentram as operações de monitoramento remoto do banco. Esse é um dos pontos onde se concentram as mobilizações desta quarta contra a reestruturação e o desmonte do banco na capital federal – outro grupo realiza atividades na tesouraria do Banco do Brasil.

“Fomos violentamente reprimidos pela Polícia Militar, em um descompromisso com qualquer código de honra e ética”, relata Kleytton Morais, presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília. “A gente está em um processo de negociação e mediação com o banco, mas a tenente-coronel, ignorando tudo isso, passou por cima do movimento de forma irresponsável, atacando com gás de pimenta e cassetetes”.

Morais ressalta que, no momento das agressões, os grevistas estavam em fase final de negociação com o banco para definir a equipe que trabalharia na contingência ao longo do dia.

“Nós já havíamos feito uma composição, e nove trabalhadores entrariam para a contingência. O banco havia até destacado quais eram esses trabalhadores, mas a PM de forma irracional falou: ‘Quem são vocês para fazer negociação?’. Foi um ato de truculência e sem mandado judicial, porque não tinha nenhuma autoridade para fazer isso”, afirma o presidente do sindicato. “O movimento é pacífico, não tinha bate-boca, absolutamente nada.”

O Banco do Brasil, assim como os Correios e o sistema Eletrobrás, é uma das instituições que está na lista de privatizações do governo Jair Bolsonaro (ex-PSL).

Brasil de Fato entrou em contato com a Polícia Militar do Distrito Federal para questionar os motivos da repressão aos trabalhadores. A matéria será atualizada assim que houver retorno por parte da assessoria de comunicação.

A partir do dia 22, devem ser encerradas 361 unidades, sendo 112 agências. Outras 243 agências devem ser rebaixadas à categoria de postos de atendimento. Cerca de 5,4 mil funcionários já aderiram ao Plano de Demissão Voluntária (PDV), e o Sindicato dos Bancários de Brasília estima que ao menos 10 mil pessoas já perderam 40% da renda com o processo de reestruturação.