O capitalismo e a vacina contra a Covid-19

No dia 31/12/2019 foi reportado à Organização Mundial de Saúde (OMS) o surgimento de uma série de casos de pneumonia de origem desconhecida, na cidade de Wuhan, na China.

No dia 9 de janeiro foram divulgadas pela OMS e autoridades chinesas as primeiras análises sequenciais do vírus – um novo coronavírus, batizado de Covid-19.

A partir daí, vários casos de infecção e mortes pela doença foram relatados em países do mundo todo. No Brasil, o primeiro caso de Covid-19 foi confirmado no dia 26/02/2020. Em março, a pandemia pelo novo coronavírus foi decretada pela OMS.

Em meio às incertezas de uma doença pouco conhecida, ao medo e às perdas de milhões de vidas no mundo todo – no Brasil, segundo dados divulgados pelo consórcio de veículos da imprensa no dia 05/01, o país contabilizou 197.777 óbitos e 7.812.007 casos da doença desde o início da pandemia – deu-se inicio à uma corrida contra o tempo em busca de uma vacina para combater a Covid-19.

Em cerca de um ano a partir dos primeiros casos registrados da doença já há diversas vacinas disponíveis em caráter emergencial e algumas já sendo aplicadas em países como Estados Unidos, Reino Unido, Argentina, Chile, México, China, Arábia Saudita, Israel e diversos países da União Europeia.

O Brasil, pelo andar da carruagem, pode ser um dos últimos a vacinar, porque tem um presidente negacionista e que vem se empenhando em atrasar o inicio da vacinação no país.

Mas o que queremos analisar aqui são os verdadeiros motivos que levaram à celeridade, empenho e aplicação de grandes recursos financeiros para encontrar a cura dessa grave doença, mobilizando renomados cientistas, farmacêuticas, indústrias e governos.

Sem pular nenhuma etapa, a vacina hoje já é uma realidade, conquistando o posto de vacina mais rápida do mundo a ser desenvolvida, quebrando o recorde da vacina da caxumba, que o médico americano Maurice Hilleman demorou apenas 4 anos para produzir – depois de coletar amostra da garganta da filha, que teve a doença (Hilleman combinou sua vacina contra a caxumba às que desenvolvera contra o sarampo e a rubéola, criando uma única dose — a Tríplice Viral ).

Gostaríamos de pensar que tanta rapidez para alcançar a imunização contra a Covid-19 se deu apenas com o objetivo de salvar vidas. Mas a realidade é outra.

O fato é que a vacina, apesar de muito bem vinda, foi desenvolvida em tempo recorde para salvar, antes de tudo, o capital. A economia não pode parar, principalmente porque sem ela não há lucro para os grandes empresários.

Há muitas outras doenças que, mesmo após décadas de seu surgimento, não têm vacina. Uma delas é a AIDS, que apesar das melhoras nos métodos de prevenção e contágio, segue, após quase 40 anos, ainda matando, e sem nenhuma vacina. A Dengue também mata milhares de pessoas, a maioria pobre. A doença de Chagas é outra que continua sem vacina.

Por que não investir para encontrar também a cura dessas doenças? Simplesmente porque elas não atingem o capital. Elas matam, mas não interferem nos negócios, não impedem que os ricos fiquem cada vez mais ricos e, de certo modo, até auxiliam no aumento do lucro das indústrias farmacêuticas.

Portanto, a busca pela vacina contra a Covid-19, com seus resultados positivos, é, antes de tudo, uma preocupação com a continuidade e fortalecimento do capitalismo.

[Do Sindipetro Bahia | Foto: Bigstock]