O discurso de ódio propagado pelo candidato de extrema direita, Jair Bolsonaro (PSL), já fez vítimas e tem espalhado cada vez mais comportamentos agressivos por parte de seus seguidores.
Na madrugada desta segunda-feira (8), o capoeirista e ativista baiano da cultura negra, Romualdo Rosário da Costa, de 63 anos, conhecido como Moa do Katendê, foi esfaqueado e morto em um bar, na região do Dique do Tororó, em Salvador. O crime teria ocorrido em meio a uma discussão sobre política. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA), o assassino teria começado a discussão, manifestando aos gritos o seu apoio a Bolsonaro.
A filha do capoeirista, Somanair dos Santos, 35, revelou aos jornalistas que “o homem chegou com os ânimos exaltados e ele (pai) pediu para parar. Já estava tudo aparentemente cessado, mas ele chegou na covardia, esfaqueando meu pai sem defesa alguma”. Moa do Katendê era militante do PT na Bahia.
No domingo, durante a eleição, uma jornalista do Jornal do Commercio de Pernambuco foi agredida por dois homens e ameaçada de estupro no bairro de Campo Grande, na zona norte do Recife. Segundo ela relatou à Polícia, um dos agressores vestia camisa em apoio ao candidato Jair Bolsonaro. A Polícia Civil está investigando.
Nesta segunda-feira 8, Anielle Franco, irmã de Marielle Franco, a vereadora do PSOL que foi assassinada em março no Rio de Janeiro, relatou em sua página no Facebook ter recebido ameaças e gritos no rosto, enquanto andava na rua com sua filha de dois anos no colo, sem qualquer roupa de político, partido ou bandeira. No dia 03 de outubro, os candidatos a deputado estadual e federal pelo PSL do Rio, Rodrigo Amorim e Daniel Silveira, apoiadores de Bolsonaro, quebraram uma placa de rua em homenagem a Marielle e divulgaram a foto nas redes sociais, como se fosse um troféu. Rodrigo e Daniel foram eleitos.
Leia abaixo o relato assustador de Anielle Franco no facebook sobre a agressão que ela e sua filha sofreram:
Medo!!!!
Desde o dia 14 de Março eu assumi um outro lugar de fala. Lugar esse que me foi imposto. Eu preferia ela viva do que ter que passar e aturar o que tô passando. Digo isso de pessoas até fatos!
Comecei a falar pela família da vereadora morta/assassinada cruelmente, e com isso algumas pessoas passaram a me reconhecer na rua.
Uns reconhecem pra dizer apenas meus sentimentos.. outros.. isso????????????
Hoje, com minha filha de dois anos no colo, andando na rua, próximo a um shopping, sem nenhum adesivo, nenhum broche, nenhuma camisa, nenhuma bandeira (era só eu e Mariah, ela com roupa de creche e eu com roupa de trabalho) recebi gritos na minha cara – Repito: Gritos na minha cara – e consequentemente na dela (que ficou assustada claro) Gritos de que eu era “da esquerda de merda” “Sai dai feminista” “Bolsonaro… Piranhaaa” de homens devidamente uniformizados com a camisa do tal candidato.
Hoje eu tive medo! Medo mesmo. Não deveria, mas tive. Foi assustador. Ainda mais com minha filha no colo. Eu sozinha teria sido outra história (quem me conhece sabe)!
Bom, não estou escrevendo pra que ninguém tenha pena. Mas para que repensem a sua maneira de fazer política. Por conta de um antipetismo vcs preferem propagar o ódio e a violência?! O seu candidato, em suma, defende esse tipo de postura, e outras coisa bem piores! Pensem bem!
Por fim..Seguimos na luta! Por aqui vai ter luta sim! Hoje e sempre. Na verdade sempre teve. Nossa luta vem de muito antes disso tudo. Essa luta não acaba dia 27. Nem hj, nem ano que vem, nem muito menos em 2020. Ela vai muito além. Ela se intensifica. Ela vira pública. Ela ganha força, apoio e forma!
É só pararem de nos matar!!!!!
[Com informações das agências de notícias]