Na Argentina, trabalhadores fazem greve geral contra arrocho e acordo com o FMI

A Confederação Geral do Trabalho (CGT) e a Central de Trabalhadores da Argentina (CTA) convocaram uma greve geral para esta terça-feira (25) contra as políticas econômicas recessivas do governo do presidente Mauricio Macri.

A greve geral, que atinge setores como transportes públicos, aeroportos e bancos, ocorre no mesmo dia em que Macri vai discursar, em Nova York, na 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas e se reunir com Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), para renegociar o empréstimo já acertado de US$ 50 bilhões (R$ 204,5 bilhões) por um ainda maior. Do total negociado com o FMI, US$ 15 bilhões já foram utilizados para conter a corrida cambial de maio. O resto seria liberado a cada três meses, sempre e quando a Argentina cumprisse as metas acordadas – e que agora estão sendo revistas.

O presidente argentino aproveitou a viagem aos Estados Unidos para assegurar aos mercados que conseguirá renegociar o acordo com o FMI, fechado em junho, e que não há risco de o país decretar moratória da dívida externa, como em 2001.

Não ao arrocho

Os trabalhadores e trabalhadoras argentinos protestam contra a escalada de demissões – desemprego subiu de 8,7% em 2017 para 9,6% entre abril e junho deste ano -, política de ajustes, a volta das discussões da reforma trabalhista fatiada, com proposta de flexiblização dos contratos e a retirada dos subsídios das principais tarifas que deve ser ampliada caso seja aprovado o novo Orçamento enviado ao Congresso na semana passada.

O Orçamento propõe o déficit zero exigido pelo FMI, o que significa mais cortes nos gastos sociais. Mas, a aprovação da proposta depende do Congresso, onde o governo não tem maioria e os parlamentares estão de olho na eleição presidencial do ano que vem.

Apesar do desastre do primeiro mandato, Macri diz que é candidato a um segundo mandato e que não mudará o rumo da política econômica que tem um custo político alto. Desde o início do ano, o peso argentino perdeu metade de seu valor; a inflação prevista para 2018 é de 42%; e o país está em recessão.

Protesto

Nesta segunda-feira (24), horas antes do início da greve geral, milhares de representantes de movimentos sociais, partidos de oposição e da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA) marcharam até a Praça de Maio, no centro da capital, Buenos Aires.

“Amanhã (terça-feira) vamos mostrar ao mundo a foto de um país que diz não: não ao FMI, não ao orçamento do FMI e não às demissões”, disse o deputado e líder da CTA, Hugo Yasky, no ato de encerramento da manifestação, em frente ao palácio presidencial. Os manifestantes prometeram ocupar as ruas até convencer o governo a voltar atrás.

[Via CUT]