Em decorrência dos acidentes que têm tomado conta do ambiente de trabalho na Petrobrás, os Sindicatos filiados à Federação Única dos Petroleiros realizaram na manhã desta sexta-feira, 24, atos em defesa da vida e em solidariedade aos trabalhadores da Refinaria de Paulínia, em São Paulo. Onde na madrugada de segunda-feira, 20, ocorreu uma explosão que, por muito pouco, não causou mortes.
O coordenador geral da FUP licenciado para concorrer ao pleito de deputado federal, José Maria Rangel, participou do ato na Refinaria de Duque de Caxias – REDUC, no Rio de Janeiro, junto com o coordenador em exercício, Simão Zanardi.
Rangel lembrou aos trabalhadores presentes da importância deste ato e das inúmeras denúncias que a Federação e seus sindicatos filiados têm realizado junto aos órgãos fiscalizadores, além de denunciar o sucateamento das plantas em detrimento da privatização. “Esse ato de hoje se reveste de uma importância muito grande, porque nós temos denunciado todo abandono na área de segurança das unidades operacionais da Petrobrás. A atual administração da empresa reduziu os investimentos em sua área de refino, e isso tem na, nossa concepção, um motivo simples: eles querem vender o refino”.
O candidato alertou ainda que a falta de manutenção nos equipamentos que coloca em risco a vida dos trabalhadores se deve em função do golpe que está em curso no Brasil desde 2016, quando MiShell Temer assumiu de forma ilegítima a presidência da república. “Tem que estar claro para todos e todas que nós vivemos hoje tempos sombrios no país, nós vivemos tempos de resistência (…) o que aconteceu na REPLAN, pela sua gravidade, foi a mão de Deus que permitiu que nós hoje não estivéssemos chorando aqui dezenas de trabalhadores e trabalhadoras assassinados”.
“PCR é pavimentação da privatização”
Mesmo com o ato contra o Plano de Cargos e Remuneração transferido para a próxima sexta-feira, 31, o coordenador licenciado, José Maria Rangel, lembrou aos presentes que tudo o que vêm acontecendo na Petrobrás é consequência do golpe. Tanto o clima de insegurança, quanto a retirada de direitos dos trabalhadores.
De acordo com ele, “a Petrobrás quer se transformar em uma empresa única e exclusivamente exportadora de óleo cru. Não quer mais saber de refinar ou de área de fertilizante. Para uma empresa que se dizia quebrada, ela destinou ao mercado financeiro no ano passado 137 bilhões de reais. Além de reduzir drasticamente os investimentos na área de exploração e produção e área de refino”. E alertou que “se nós não tivermos a exata dimensão de que estes ataques estão diretamente ligados ao atual momento que o pais vive e atual pensamento escravocrata que essa administração da Petrobrás tem, a gente pode ser levado a cometer alguns equívocos. Pois tudo isso é a pavimentação para a privatização da empresa, se esse modelo de administração não for derrotado nas urnas no próximo dia 07 de outubro.
Zé Maria, como é conhecido entre os petroleiros, comparou também a atual postura da empresa, de tentar subornar os empregados, com o ano de 1998, quando foi oferecido aos petroleiros da Bacia de Campos a quantia de 15 remunerações para desfazer a 5ª turma. “Quando a administração da Petrobrás oferece um dinheiro para retirar o nosso Plano de Cargos e Salários, que foi construído por nós, e ainda fala que é individual e muitos aceitam, a leitura que ela faz é de que pode avançar um pouco mais como, por exemplo, oferecer dinheiro para pegar a escala de vocês. Ela fez isso em 98 na Bacia de Campos, em um momento muito parecido da que vivemos atualmente”.
FUP questiona PCR na justiça
De acordo com o sindicalista e candidato a deputado federal, a construção do atual Plano de Cargos (PCAC) foi coletiva e é papel das entidades em conjunto com os trabalhadores batalhar por conquistas que gerem um legado. “Não dá pra a gente fazer uma discussão olhando só para o umbigo, algo que foi conquistado coletivamente. Por isso a Federação e os sindicatos estão questionando o PCR na justiça”.
Não aperte o botão
Em apelo à vida dos trabalhadores, Jose Maria Rangel pede aos petroleiros presentes no ato que não aceitem o novo Plano de Cargos estipulado unilateralmente pela empresa. “Nós estamos indicando para vocês hoje: não apertem o PCR. Façam a defesa do trabalho seguro. Utilizem o direito de recusa. Porque o valor da vida para Petrobrás é 50 mil reais e a vida vai seguir. Não podemos nos permitir a aceitar isso. A atual legislação trabalhista, oriunda do golpe, permite a terceirização de todas as atividades. Esse momento em que estamos passando, é um momento de resistência. É o momento em que nos temos que escolher qual é o nosso lado. E é o lado do sindicato”, esclarece.
“A nossa resistência é fundamental, pois ela que vai determinar qual vai ser o futuro da companhia nos próximos anos. Em qualquer cenário, vamos ter dificuldades. Só que se a esquerda vence a eleição, nós teremos interlocução, vamos poder pleitear que essa empresa volte a ser uma empresa que tenha compromisso com o povo brasileiro, que seja indutora do desenvolvimento nacional, e não unicamente uma empresa para dar dinheiro a acionistas. Uma empresa que presa pela vida, que não deixa de ser uma empresa integrada de petróleo. Nós vamos ser decisivos nesse processo. E temos a obrigação de dizer para todos os que nos cercam, que a nossa empresa não é corrupta, não é ineficiente e a nossa empresa tem homens e mulheres de bem. E isso vai ser determinante para a gente virar esse jogo”, concluiu Rangel.
Prisão em Manaus
Um fato lamentável marcou o início da mobilização, na manhã dessa sexta-feira, dia 24, na Refinaria Isaac Sabbá – REMAN. Os petroleiros foram surpreendidos por policiais civis e militares que, de arma em punho, afrontaram a direção do Sindipetro Amazonas. Com muita truculência, revistaram os dirigentes sob a alegação de estarem procurando armas.
Na sequência, levaram presos representantes dos trabalhadores terceirizados que estão em greve. De acordo com a direção do Sindicato, quando questionados, os policiais afirmaram que é só o começo. “Pra quem ainda tinha dúvidas, esse fato deixa bem claro que não vivemos mais em um estado democrático de direito”, alertou Paulo Neves, diretor da FUP.
Nas fotos abaixo, as mobilizações por todo o país:
[FUP]