Em ato na Recap, FUP exige um basta à precarização e ao desmonte

 

A FUP e seus sindicatos realizaram na manhã desta terça-feira (21) um ato na Refinaria de Capuava (Recap), em São Paulo, para denunciar a insegurança causada pelo desmonte das unidades do Sistema Petrobrás. A mobilização foi uma resposta ao grave acidente ocorrido no dia anterior, na Replan, cuja explosão em uma das unidades poderia ter tido proporções ainda mais assustadoras e causado a morte de diversos trabalhadores.

A drástica redução de efetivos, após a saída de cerca de 20 mil trabalhadores nos planos de desligamentos voluntários, sem reposição das vagas, e o sucateamento das unidades para privatização potencializaram os riscos de acidentes, como vem alertando a FUP e seu seus sindicatos.

“Nós não temos mais trabalhadores próprios na manutenção. Viramos fiscais de contrato e os trabalhadores terceirizados estão tendo direitos cortados e salários reduzidos em quase 50%”, alertou o coordenador da FUP, Simão Zanardi Filho. “Nós estamos aqui vivos e com saúde, mas pode ocorrer uma emergência operacional a qualquer momento. Esse é o risco do nosso trabalho, lutamos para que esses riscos sejam controlados e para que não haja acidentes. Nosso papel é evitar mortes. Mas como trabalhar com segurança se não temos efetivos? Como trabalhar com segurança se não temos manutenção?”, questionou, lembrando que em recentes reuniões com a Petrobrás, a FUP denunciou a insegurança causada pela redução dos efetivos, mas a empresa continua menosprezando os riscos.

Na próxima sexta-feira (24), os petroleiros farão um Dia Nacional de Luta em Defesa da Vida e por Segurança no Sistema Petrobrás, com mobilizações em todas as unidades, pela recomposição dos efetivos e contra o desmonte da empresa e a retirada de direitos.

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Precarização piorou com o golpe

“Essa política se agravou com o golpe e reduz não só os direitos e salários dos trabalhadores terceirizados, como coloca em risco a saúde e a vida dos trabalhadores”, afirmou o coordenador do Sindipetro Unificado de São Paulo, Juliano Deptula, denunciando a falta de manutenção preventiva e preditiva nas refinarias, o que é primordial para a segurança operacional.

“Poderíamos ter hoje na Replan muitos feridos e até mesmo mortes. A perda material é o de menos. A unidade, eles constroem de novo. Mas e as vidas dos trabalhadores?”, questionou. “Tudo isso o sindicato, a FUP, os trabalhadores vêm denunciando há anos”, reiterou Deptula, lembrando outros acidentes provocados por falta de manutenção, como o que causou a morte do operador da Reduc, Luiz Cabral.

O trabalhador foi vítima de um acidente absurdo, no dia 31 de janeiro de 2016, quando caiu dentro de um tanque de óleo com temperatura de 75 graus, cujo teto, corroído por ferrugem, rompeu quando ele fazia a medição. O coordenador do Unificado lembrou que os gestores da Petrobrás ainda tentaram culpar Cabral pelo acidente, quando várias inspeções de órgãos fiscalizadores já haviam denunciado a situação precária do tanque e nenhuma providência foi tomada.

O exemplo da P-36

A diretora de Saúde, Meio Ambiente e Segurança da FUP, Rosângela Maria, destacou que, em vez de um ato de desagravo, a FUP e seus sindicatos poderiam estar no velório das vítimas do acidente na Replan. “O que os gestores da Petrobrás estão fazendo com os trabalhadores é uma coisa funesta”, afirmou a petroleira. “A nossa vida está sendo colocada em risco por esse governo golpista, que está sucateando as refinarias para entrega-las ao capital estrangeiro a preço de banana”, declarou Rosângela, lembrando que o acidente com a plataforma P-36, em março de 2001, também foi devido a uma série de erros de gestão.  O acidente causou a morte de 11 trabalhadores e deixou sequelas psicológicas nos demais 164 petroleiros que estavam a bordo.

Não ao individualismo

O coordenador da FUP, Simão Zanardi, fechou o ato na Recap, fazendo um apelo aos trabalhadores para que não caiam nas armadilhas dos gestores da Petrobrás, que vêm jogando os petroleiros uns contra os outros, apostando no individualismo para dividir a categoria, como estão fazendo com o PCR. “Não se vendam à empresa porque nós vamos resistir e vamos vencer. Não podemos abrir mão dos nossos direitos. O que aconteceu ontem na Replan foi um aviso. Os gestores da empresa não estão preocupados conosco, nem com ninguém. O que eles querem é privatizar tudo. O sucateamento e a precarização fazem parte do negócio, para baratear e facilitar a entrega”, alertou Simão.

[FUP]