Dirigentes da FUP e de seus sindicatos visitaram na tarde desta quarta-feira (08), em Brasília, os militantes de movimentos sociais do campo e da cidade que estão há nove dias em greve de fome pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A brigada petroleira está na capital federal desde terça-feira (07), realizando ações políticas e sindicais no Senado para impedir a votação do Projeto de Lei Complementar 078/2018, que autoriza a Petrobrás a abrir mão de 70% dos cinco bilhões de barris de petróleo da Cessão Onerosa do Pré-Sal.
A visita aos grevistas ocorreu no Centro Cultural de Brasília (CCB), onde estão alojados os sete militantes, que, num gesto extremo de sacrífico, tentam sensibilizar o Supremo Tribunal Federal (STF) para que coloque em votação duas ações declaratórias de constitucionalidade (ADC) que questionam a possibilidade de prisão, após condenação em segunda instância.
Muito emocionados, os petroleiros entregaram seus jalecos laranja aos grevistas, que fizeram questão de vestir a camisa da categoria e reafirmar o compromisso de luta contra a privatização da Petrobrás e em defesa da soberania nacional. “A luta que vocês estão fazendo enfraquece o corpo, mas fortalece o espírito. Essa luta nos ajuda a ter muito mais força nos nossos embates”, afirmou Deyvid Bacelar, diretor da FUP, frisando que a greve dos militantes é para que haja justiça na justiça brasileira. “Vocês não estão sozinhos. Essa luta também é nossa e esperamos que esse gesto extremo de vocês inspire toda a militância de esquerda e os trabalhadores”, ressaltou, destacando que o povo vai vencer essa luta e Lula terá o direito de ter sua candidatura registrada no próximo dia 15.
Os militantes que estão em greve de fome agradeceram o apoio e solidariedade, ressaltando a importância da aliança entre camponeses e operários. “Essa visita, além de nos trazer alegria e solidariedade, é um alimento para nós. Cada companheiro e companheira que entra por aquela porta é portador dos mesmos sonhos, das mesmas esperanças, da mesma luta e, portanto, da mesma tarefa de construção do país que a gente quer”, afirmou Rafaela Alves, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), que junto com outros seis companheiros, segue em greve de fome por tempo indeterminado.
Ela agradeceu o jaleco recebido dos petroleiros e afirmou que o gesto extremo dela e dos demais militantes “é uma luta por Lula livre, por Lula presidente”, mas é também “contra a pobreza, que já bateu na nossa porta, com 12 milhões de brasileiros passando fome, é contra a perda da soberania nacional, para que nossos minérios, a nossa terra, a nossa água, o nosso petróleo não sejam entregues”.
Jaime Amorim, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que também está há nove dias em greve de fome, destacou o orgulho que os trabalhadores do campo têm da luta dos petroleiros. “A luta de vocês deixou de ser uma luta corporativa para ser uma luta em defesa da soberania nacional”, ressaltou, agradecendo o apoio da categoria. “A solidariedade é importantíssima, mas não basta, se ela for uma solidariedade estática e isolada. A nossa greve é para despertar na sociedade a mobilização. Se cumprirmos esse objetivo, terá valido a pena entregar o nosso esforço pessoal para reconstruir o país”, afirmou.
Greve de fome contra a fome
“Nossa greve de fome é consciente, é uma opção para que amanhã outros trabalhadores não passem fome por falta de opção”, afirmou Rafaela Alves (MPA), que desde o dia 31 de julho, iniciou o protesto junto com Frei Sérgio Görgen (MPA), Zonália Santos (MST), Jaime Amorim (MST), Vilmar Pacífico (MST) e Luiz Gonzaga, o Gegê, da Central dos Movimentos Populares (CMP). Na segunda-feira (06/08), Leonardo Armando, do Levante Popular da Juventude, também aderiu à greve. Eles estão todos esses dias sem ingestão de alimentos, apenas água e soro, tendo acompanhamento médico e apoio das organizações sociais e sindicais, além de parlamentares do campo da esquerda.
Em manifesto protocolado no Superior Tribunal Federal (STF) no primeiro dia de greve (31/07), os grevistas denunciam a volta da fome, o aumento da violência, particularmente contra jovens, mulheres, negros e LGBT, a situação dos doentes com os ataques à saúde, a falta de perspectiva da juventude com os ataques à educação pública, o aumentos dos preços (carestia) dos alimentos, combustíveis e gás e a perda da soberania nacional.
[FUP/Fotos de militantes sociais que prestam apoio aos grevistas de fome]