Acusado de corrupção, presidente da Câmara pisa no acelerador e faz passar agenda conservadora

Às vésperas de ser denunciado pela Procuradoria Geral da República, por envolvimento em atos de corrupção e de lavagem de dinheiro, o presidente da Câmara dos Deputados Federais, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), levou a votação no último dia 19 o Projeto de Emenda à Constituição 171/93, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. O texto, que já havia sido aprovado em primeiro turno no início de julho, após uma manobra grosseira de Cunha, foi novamente ratificado pelos deputados. O projeto segue agora para o Senado e, se passar, colocará o Brasil na contramão do mundo, onde 70% dos países estabelecem 18 anos como idade penal mínima.

Uma semana antes de por em votação a redução da maioridade penal, Eduardo Cunha aprovou  em definitivo na Câmara o PEC 182/07,  que libera o financiamento privado de campanhas eleitorais, principal porta de entrada para a corrupção no Brasil. O texto, que também já havia sido aprovado em julho, em primeiro turno, será objeto de debate agora no Senado.

E agora, Cunha?

Eduardo Cunha, ferrenho defensor do impeachment da presidente Dilma e tratado pela oposição como arauto do combate à corrupção, foi denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, Cunha recebeu propinas de pelo menos cinco milhões de dólares para facilitar a contratação do estaleiro Samsung para construção de sondas para a Petrobrás. Ainda segundo a denúncia, o presidente da Câmara depositou a propina em contas no exterior, através de empresas de fachada. Além disso, Eduardo Cunha é acusado de achacar os executivos da Samsung, através de chantagens e requerimentos que passaram pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.

Fonte: FUP