Coordenador do Sindipetro Unificado de São Paulo avalia o ano de 2009 e afirma que as lutas da categoria e pré-sal serão as prioridades de 2010








 







Itamar, qual é a sua avaliação do ano de 2009 sob a perspectiva das ações sindicais?

Todo final de ano apresentamos para a categoria um jornal de retrospectiva, e sempre me impressiona a quantidade de atividades e lutas que desenvolvemos. O ano de 2009 foi marcado pela retomada das grandes mobilizações da categoria; fizemos uma greve de 7 dias na Replan e outra nacional em um prazo de menos de um mês, em março. O saldo desses movimentos foi a retomada da luta pelo extraturno, com as mobilizações reconquistamos o feriado de 1º de maio e dois dias e meio do Carnaval para todo país, isso não é pouca coisa.

Outra atividade que envolveu os sindicatos e os diretores do Unificado foi a luta pelo pré-sal. Fomos para as ruas angariar assinaturas para o projeto de lei popular e a FUP tomou a dianteira desta bandeira apresentando um projeto dos trabalhadores no Congresso. Nosso projeto, construído junto com o movimento social brasileiro concorre com o projeto do governo, que consideramos insuficiente. Enquanto discutíamos no parlamento, criamos comitês de defesa do petróleo em diversas cidades do Estado.

Além disso avançamos na discussão da PLR e enfrentamos uma campanha reivindicatória difícil. Uma questão emblemática para mim, e que os petroleiros e petroleiras souberam apenas superficialmente, foi a realização da Plenária da FUP em um acampamento do MST, no Paraná. Geralmente, congressos e convenções são feitos em hotéis confortáveis, estávamos ali no meio da terra batida, dormindo em beliches e quartos coletivos, mas foi uma das melhores experiências que tivemos em termos de discussões políticas.

Nossa categoria também se envolveu em diversas questões que vão além dos portões da Petrobrás, como o apoio à luta contra o pedágio na região da Replan e em Mairiporã, apoio às mobilizações dos companheiros sem terra que lutam pela reforma agrária, atividades em conjunto com a CUT pela redução da jornada de trabalho e por investimentos públicos para combater a crise e de apoio à economia solidária. Principalmente no primeiro semestre participamos de diversas manifestações quando empresários queriam reduzir direitos trabalhistas como "solução" para a crise financeira mundial.

Algumas pessoas consideraram que a campanha reivindicatória poderia ser ter obtido melhores resultados.

Em tese é possível, mas quem falou isso, em geral não tem a visão da categoria em nível nacional, das dificuldades e grau de mobilização em cada local de trabalho. Entramos nessa campanha já tendo feito uma greve nacional – no caso dos companheiros da Replan foram duas no ano – e a principal bandeira era o fim das punições, que conquistamos após muita discussão em mesa de negociação, pressão, atrasos, operação padrão etc. As críticas construtivas são sempre bem-vindas, mas muitos a fazem apenas para se contrapor ao sindicato e acabam por fazer o jogo dos patrões e não ajudando a mobilizar a categoria.

E para este ano, quais serão as prioridades do movimento sindical?

Do ponto de vista da categoria continuaremos a priorizar a luta pelo extraturno e pelo avanço de nossas conquistas, queremos também aprofundar o trabalho com os aposentados e pensionistas que têm sido relegados pela empresa e estão vendo seus benefícios diminuírem de valor. Esta é uma luta complicada, que envolve governo federal, a questão previdenciária, da Petros, mas estaremos atuando firmemente para melhorar esta situação. Penso que também é necessária uma maior integração com o nosso ramo, o químico, que tem uma confederação [CNQ] forte e atuante, principalmente pela questão do pré-sal, porque ninguém se iluda: essa disputa está longe de terminar e a Petrobrás será alvo de muitos ataques ainda. Todos os tubarões internacionais estão de olho nessa riqueza.
Queremos, também, atrair mais pessoas para o dia-a-dia do sindicato, ter um trabalho específico com os novos contratados e com os terceirizados buscando formar novas lideranças que darão continuidade à bela história de luta dos petroleiros.

Este ano tem eleição presidencial. Como isso irá impactar as atividades sindicais?

Creio que não podemos ficar alheios à essa questão, como cidadãos e dirigentes de uma categoria, devemos dizer claramente que temos lado e não queremos a volta dos privatistas, que quase conseguiram desmantelar a Petrobrás, como fizeram com a Vale, o Banespa e tantas outras empresas. No último pleito, os petroleiros deliberaram suspender a campanha reivindicatória no período das eleições. Acho que este ano deveríamos antecipar a campanha reivindicatória para julho ou agosto, visto, inclusive, que apenas os pontos econômicos estarão em discussão, mas isso terá de ser uma decisão da categoria e do conjunto das entidades. Como direção, temos o dever de dizer claramente para a base o que achamos de cada candidatura que se colocar na disputa e defender aquela que tenha a melhor proposta para a categoria e para o Brasil. Será ano de eleição, de Copa do Mundo e do meu Guarani na primeira divisão, mas, como sempre, as lutas e reivindicações da categoria estarão em primeiro plano nas nossas prioridades e ações.