Negociações da pauta local da Transpetro apresentaram poucos avanços

Na última quinta-feira (4) houve mais uma reunião entre dirigentes do Sindipetro PR e SC e representantes da gestão da Transpetro na região Sul. Durante os embates, ficou evidente que os gestores trabalham exclusivamente para preparar a empresa e a força de trabalho para a privatização, implementando enxugamentos e retrocessos em diversas áreas da companhia, exceto nos seus próprios bolsos.

Ao mesmo tempo em que a gestão da Transpetro Sul demite, corta e rebaixa direitos dos trabalhadores, mantém uma estrutura gerencial obesa e altamente custosa, chegando a incrível e vergonhosa marca de 18 gerentes somente nos estados do Paraná e Santa Catarina. Se querem falar em corte de custos para aumentar a competitividade de forma séria, por que não começam corrigindo esta aberração gerencial?

Seja por falta de disponibilidade na agenda ou por falta de interesse dos gestores em ouvir os trabalhadores, as negociações locais foram concluídas apenas noventa dias após a entrega da pauta, apresentando avanços tímidos em alguns pontos, mas retrocessos graves em outros. Foram duas reuniões com duração de 5h cada, nas quais o Sindipetro levou para mesa de negociação com a Gerência Geral a pauta de reivindicações dos trabalhadores de todas as unidades da Transpetro nos dois estados.

Confira abaixo um breve resumo sobre os principais pontos da pauta:

TEFRAN:

1. Vale Alimentação: Assunto pendente há mais de 2 anos. No último dia 25, o Sindicato protocolou termo com as cláusulas mínimas para transação processual na ação do desjejum Tefran. Aguardamos retorno da companhia para assinar o acordo. GG estimou prazo de 30 dias para iniciar o fornecimento do VA.

2. Fechamento do Ambulatório: Gerência se comprometeu em manter o ambulatório funcionando.

3. Rota do Ônibus: Existe estudo para mudar a rota devido ao acréscimo de 10 passageiros. Gerência chegou a mencionar que daria passe de ônibus para quem ficar muito distante da nova rota. Sindicato sinalizou que a solução deste impasse passa pela permanência dos profissionais do COMP no Ediville ou pela mobilização de uma van, e que os recursos podem ser obtidos desmobilizando um dos carros exclusivos dos gerentes.

4. Van do Turno: O assunto estava pendente há quase 2 anos. Adequação dos bancos foi concluída, porém o veículo aguarda liberação do Detran. Promessa de entrega é até 15 de julho 

5. Redução Efetivo Operação: Ocorreu redução do número de operadores por turno pela metade numa canetada só. O Sindicato fez o registro das implicações deste corte na segurança operacional e sobrecarga de trabalho, questões que estão sendo negligenciadas. O gerente dos terminais aquaviários da Transpetro no Paraná e Santa Catarina, Allyson Senna, informou que o supervisor deve assumir toda a responsabilidade, pois é o profissional com capacidade técnica para verificar a necessidade de chamar uma dobra. Gerência sinalizou que continuará implementando cortes.

EDIVILLE:

1. Fechamento do Ediville: Sindicato apresentou argumentos de viabilidade econômica da unidade. Gerência se comprometeu em manter a locação do 6º andar e efetuar a otimização de recursos com a desmobilização do 7º andar.

2. Migração do COMP: Sindicato apresentou vários argumentos que justificam a manutenção destes profissionais no Ediville, tais como custo e qualidade do transporte, qualidade de vida e produtividade, viabilidade econômica da unidade, atividades exclusivamente administrativas, entre outros. Existe um GT em andamento sobre o tema, com prazo até final de agosto. GG assumiu compromisso de reavaliar a questão.

3. Funcionários do IPDT: Era uma pendência que se arrastava por quase 1 ano. Gerência apresentou solução com a formalização das transferências aos empregados que tinham interesse. 

TEMIRIM:

1. Migração dos funcionários ADM para o Ediville: Sindicato questionou e apresentou os argumentos dos trabalhadores visando a permanência das equipes no Temirim. Gerência confirmou a intenção de transferir todo pessoal do ADM, alegando redução de custos com transporte e manutenção predial. Não há prazo para conclusão.

2. Efetivo Operacional Insuficiente: Sindicato apresentou evidências da sobrecarga de trabalho na operação do Temirim, situação agravada pela saída da BR Distribuidora e do antigo supervisor. Gerência reconheceu o problema atual, mas demonstrou pouca preocupação. Foi garantido pelo gerente setorial que ao final do curso de formação em andamento, um operador retorna e o problema de efetivo estará 100% sanado.

TEPAR:

1. Rota da Van do ADM: Sindicato solicitou adequações com vistas a uniformizar a distância da residência de cada funcionário até o ponto de embarque. Ficou definida a criação de um GT para adequar a rota com a garantia da participação de um diretor sindical nos estudos.

2. Transporte do Turno: Sindicato apresentou pleito dos trabalhadores de turno na busca por tratamento isonômico com fornecimento de transporte Paranaguá x Curitiba e Paranaguá x Praias. Gerentes foram categóricos ao informar que não será mobilizado tal transporte, demostrando desprezo pelo pleito legítimo dos trabalhadores.

3. Efetivo SMS: Sindicato cobrou o incremento na equipe de SMS com a contratação de um técnico de segurança do trabalho próprio. Gerência informou que a equipe atual está totalmente condizente com a quantidade de demandas do setor e do terminal.

4. Efetivo do COMP: Sindicato lançou mão de diversos argumentos que demonstram a necessidade de incremento no efetivo do COMP Tepar frente ao número excessivo de demandas do setor. Gerência informou que as atividades administrativas serão totalmente retiradas do terminal, com isso não haverá necessidade de recompor o efetivo.

5. Terceirização de um Posto de Operação: Sindicato fez o registro das implicações deste corte em segurança e sobrecarga de trabalho, questões que estão sendo negligenciadas pela Gerência. Esta, por sua vez, alegou que a adequação não causa nenhum impacto na rotina de trabalho dos operadores, muito menos na segurança da unidade e que todos os supervisores foram ouvidos e suas colocações atendidas pelo gerente setorial antes da implementação da mudança.

GERAL:

1. Tratamento Inadequado (Ameaças e Assédio): Sindicato apresentou as denúncias enviadas pelos trabalhadores questionando o modo agressivo e ameaçador com que alguns gestores têm abordado os funcionários em reuniões, DDS e outras oportunidades, caracterizando assédio. Também foram mencionadas as ameaças de aplicação do sistema de consequências com vistas a punir os trabalhadores ao invés de treinar e orientar. GG informou que é obrigação dos gerentes informar sobre o sistema de consequências e as sanções nele previstas, mas que não devem ser cometidos equívocos ou exageros que possam ser confundidos com ameaças. Equipe gerencial será orientada.

2. AMS: Sindicato apresentou argumentação comprovando aos gestores que a AMS é a campeã de reclamações da categoria e que a deficiência de profissionais cadastrados é gritante em todas as cidades de cobertura, sobretudo para emergência Pediátrica. Gerência não apresentou ações concretas para buscar melhorias, limitando-se a elogiar o atual gerente da AMS por suas supostas intenções positivas na modernização do plano. Alegaram que todos os funcionários devem utilizar a Garantia de Atendimento quando não houver profissional cadastrado pelo plano e que é normal o reembolso demorar até 120 dias. O ponto positivo é que o Hospital Unimed de Paranaguá já está cadastrado e atendendo novamente.

3. Ineficiência do SAE Transpetro: Sindicato levou ao conhecimento dos gestores os infindáveis casos em que o Serviço de Atendimento ao Empregado (SAE) não atendeu o trabalhador de forma eficaz e tempestiva. Gerência informou que para estes casos o funcionário deve procurar seu gestor imediato para que este acione o Canal do Gestor no SAE, um canal exclusivo dos gerentes que será disponibilizado para acelerar e garantir efetividade no atendimento das demandas de seus subordinados. Gerência se comprometeu em dar ampla divulgação através de dept-mail.

4. Demissão e Precarização dos Terceirizados: Sindicato intercedeu junto à Gerência buscando suspender as demissões, reverter o corte de direitos e a redução salarial dos terceirizados. Para tanto, foram apresentados dados de diversas áreas que vem sendo precarizadas. O gerente geral atribui a redução salarial e corte de direitos à recessão da economia, não tendo relação com a atual administração da companhia. Em relação às demissões, alegou que a evolução tecnológica das instalações vem permitindo reduzir a necessidade de manutenção nos equipamentos, tornando possível reduzir drasticamente as equipes. Uma falácia!

PRÓXIMOS PASSOS

Diante das várias negativas e inúmeras respostas vagas dos gestores para as demandas da pauta local de reivindicações dos trabalhadores da Transpetro, o Sindipetro Paraná e Santa Catarina entende que a mudança nas relações de trabalho passa impreterivelmente pela luta contra o desmonte do Sistema Petrobrás. A piora da ambiência e das condições laborais está diretamente relacionada aos ataques que a companhia sofre enquanto estatal. O roteiro é antigo, precarizam tudo para que a empresa se torne ineficiente e problemática. Aí apresentam a privatização com solução. Por isso, o Sindicato conclama a todos os trabalhadores para se engajarem cada vez mais na campanha em defesa da Petrobrás. Não há saída individual, apenas coletiva. Só a luta nos garante.