Petroleiros da Inspeção e da Faixa de Dutos, em especial, mas não só, atuaram em defesa do patrimônio do Sistema Petrobrás, e mesmo assim são muito desvalorizados
[Da comunicação do Sindipetro Caxias]
Há algumas semanas, a Inspeção de Equipamentos descobriu uma tubulação com cerca de 90% de sua espessura comprometida em um duto que transporta combustíveis como gasolina, na ligação entre o TABG (Ilha do Governador) e a REDUC. O paralelo histórico que temos a este evento é o famoso acidente da Baía de Guanabara, no ano de 2000, onde foi derramado no meio ambiente mais de um milhão de litros de óleo.
A dedicação e o comprometimento no acontecimento recente servem de exemplo sobre a importância do trabalho dos petroleiros e petroleiras do TECAM e da Transpetro, empresa 100% estatal, controlada pela Petrobrás.
Estamos falando de um evento que necessitou da presença de trabalhadores por cerca de um mês, 24 horas por dia, sete dias por semana. E sem a presença do SMS de forma integral, pois esse setor também sofre com baixo efetivo. Em paralelo, outra frente de trabalho atuava em Derivação Clandestina, em Pilar, no município de Duque Caxias.
Portanto, é necessário discutir também a desvalorização que estes petroleiros e petroleiras sofrem no dia a dia.
O caso da Inspeção de Equipamentos
O setor realiza um serviço muito especializado e essencialmente de prevenção. Ele recebeu um importante reforço, justamente, após o grave acidente da Baía de Guanabara no ano 2000. Sua base de trabalho é em Campos Elíseos, mas pode atuar em centenas de quilômetros, entre Duque de Caxias e Macaé, indo até Belo Horizonte ou ao estado de São Paulo. Além disso, há um duto que liga o TECAM ao Terminal de Ilha Grande, em Angra dos Reis. Estamos falando de uma área que chega a mais de 400 km de extensão.
Por dias, ou até semanas, os trabalhadores precisam dormir nas proximidades do local de inspeção. Dessa forma, comprometem suas folgas. Há diversas situações em que se caracteriza o acúmulo de funções, como o ato de dirigir, ou os serviços em proteção catódica, dois exemplos da multiplicidade de tarefas pra além do serviço essencial do setor. Além disso, sofrem também com o baixo efetivo, o que compromete a garantia do SPIE – Serviço Própria de Inspeção de Equipamentos.
Cabe ressaltar que nos últimos anos ocorreu um processo de sucateamento que pode gerar mais situações de risco como a vivenciada próximo à REDUC. Com a gestão da empresa pedindo reavaliações das recomendações de inspeção (RI), podemos estar diante de muitas bombas relógio prestes a disparar.
O caso da Faixa de Dutos
O setor da Faixa de Dutos ficou responsável pela troca da passagem comprometida. Estamos falando de uma tubulação submersa, com quilômetros de extensão, afundada dentro de um mangue, e que sofre, inclusive, com a movimentação das marés. A equipe ainda convive com a possibilidade de ataque de animais, como jacarés. A REDUC tem mapeado mais de 400 destes répteis em seu terreno.
Além de comprometer o descanso, com uma jornada de 24 horas seguidas, a gestão não paga pelas Horas Extras acumuladas e não oferece um pouco de conforto com hospedagem adequada pelo tempo de trabalho exigido.
Ao menos os trabalhadores da Faixa de Dutos recebem o novo adicional de dutos, conquistado após um ano de mobilização. Embora os trabalhadores do setor de Inspeção de Equipamentos ainda não estejam contemplados com esse direito.
Diante desse exemplo que de fato demonstra a “entrega” de petroleiros e petroleiras, exigimos da gestão da Transpetro:
- Pelo proposta de Adicional de Dutos dos trabalhadores, que inclui a Inspeção, SMS, e os setores que acumulam funções e prestam serviços em condições precárias;
- Por garantia do pagamento das Horas Extras realizadas;
- Pela garantia de hospedagem e transporte adequado. Que garanta segurança e saúde aos trabalhadores;
- Pela recomposição e aumento do efetivo, para garantir segurança e saúde dos trabalhadores, e o patrimônio do Sistema Petrobrás, assim como a defesa do Meio Ambiente;
- Respeito e Valorização profissional.