Há 31 anos, os trabalhadores da Petrobrás viveram cenas de horror na Bacia de Campos, quando 37 companheiros morreram em um acidente na plataforma de Enchova, no dia 16 de agosto de 1984. Foi a maior tragédia da indústria petrolífera brasileira e de lá pra cá, centenas de trabalhadores foram vítimas de vários outros acidentes, evidenciando a negligência dos gestores da Petrobrás com a vida humana.
Em fevereiro deste ano, nove petroleiros morreram em uma explosão na FPSO Cidade de São Mateus, no Espírito Santo, e a Petrobrás, não só isentou de qualquer responsabilidade a BW Offshore, como ainda enalteceu a política de segurança da empresa, alegando que está entre as melhores práticas do mundo. Vários depoimentos de trabalhadores comprovaram que o vazamento de gás que causou a explosão na plataforma era recorrente e que os gerentes sabiam disso. O cipista que tentou elucidar o vazamento, além de ter sido desqualificado pela comissão que apurou o acidente, ainda foi arbitrariamente afastado da plataforma.
Passados seis meses deste emblemático acidente, a FUP questionou por diversas vezes os gestores de SMS da Petrobrás, criticando-os por não terem aprendido nada com a sucessão de erros que resultou na morte de nove trabalhadores. Ledo engano. A cada vida perdida, a cada petroleiro mutilado, os gerentes da empresa tiram, sim, uma importante lição: o que vale mesmo são os resultados alcançados. Afinal, descumpir normas de segurança e negligenciar a legislação pode matar, mas também promove.
Uma coordenadora de SMS do E&P da UO Rio foi denunciada pelo Sindipetro-NF em 2012 por orientar textualmente seus funcionários a descumprirem as NRs. E o que aconteceu com ela? Foi promovida a gerente setorial do E&P Sul/Sudeste. Já os técnicos de segurança que ousam fazer valer as normas e procedimentos, estes são transferidos e perseguidos pelo mesmo E&P da UO Rio, que promove e elogia quem descumpre NRs.
Para os gestores de SMS da Petrobrás, vale aquela triste máxima que cansamos de ver por aí: o crime compensa.
Fonte: FUP