Eleito em fevereiro de 2020 para a vaga dos trabalhadores no Conselho de Administração da Transpetro, Felipe Homero Pontes até hoje não tomou posse. Após receber em 14 de abril um ofício da empresa informando que o Comitê de Elegibilidade o considerou apto para assumir a vaga no CA, Homero foi comunicado que a sua posse havia sido adiada para setembro de 2020 por questões estatutárias, mas que o seu mandato estaria garantido até setembro de 2022. A alegação da empresa foi de que o mandato do conselheiro eleito deve acompanhar o dos demais conselheiros, pois o estatuto exige esta unidade, com todos assumindo e terminando os mandatos juntos.
Desde setembro, Homero vem cobrando a Transpetro sobre a homologação da posse, pois toda documentação exigida havia sido enviada à empresa dentro do prazo estabelecido, inclusive a renúncia do seu mandato junto ao Sindipetro-ES. Ele, no entanto, não recebeu qualquer explicação ou sequer um telefonema, nem mesmo após ter enviado em novembro uma notificação extrajudicial questionando a subsidiária.
Um ano após a eleição, Homero foi surpreendido, ao ser informado em uma reunião online com a Transpetro no mês passado, que o seu nome havia sido rejeitado pela assembleia geral dos acionistas, sem qualquer justificativa. Na terça-feira, 02/02, ele recebeu um ofício da subsidiária, confirmando o golpe. “Essa é uma atitude arbitrária, antidemocrática e com motivações nitidamente políticas. Minha eleição foi legítima. Tive 63% dos votos de um conjunto de 2.500 trabalhadores que participaram do pleito. É inadmissível que a gestão queira desrespeitar a vontade legítima da categoria”, afirma o petroleiro, informando que ingressará com uma ação jurídica para garantir a sua posse.
Homero venceu o primeiro turno da eleição para o CA da Transpetro em janeiro de 2020, com 42% dos votos, o dobro da segunda colocada, a atual conselheira Fabiana dos Santos, e foi eleito no segundo turno, em fevereiro, com 63,5% dos votos.
A FUP e seus sindicatos condenam a decisão arbitrária da gestão da Transpetro, ao tentar, mais uma vez, no tapetão impedir a posse de um representante dos trabalhadores. “Por trás desta manobra está a intenção de afastar a categoria do principal fórum de decisão da empresa e, assim, os gestores ficarem livres para acelerar e intensificar o processo de desmonte e de privatização do Sistema Petrobrás. Mas, nós não vamos permitir esse descalabro. Daremos todo apoio e suporte a Homero para que os votos que recebeu da categoria sejam respeitados e sua posse garantida”, ressalta o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar.
Essa não é a primeira vez que a gestão da Petrobrás entra em cena para afastar os trabalhadores do Conselho de Administração. A empresa já havia tentado impedir a nomeação em 2018 de Danilo Silva, que teve que brigar muito para assumir a cadeira no CA da Petrobrás, após renúncia do então conselheiro eleito, Christian Alejandro Queipo. A direção da estatal também tentou embarreirar a posse de Fabiana dos Anjos no CA da Transpetro, eleita em agosto de 2017, mas que só teve a posse homologada no final de dezembro, após pressão da FUP e dos seus sindicatos.
[Imprensa da FUP]