Trancaço em Imbetiba inicia resistência petroleira contra venda de plataformas

Diretores do Sindipetro-NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense) promovem nesta manhã um trancaço nos acessos à base de Imbetiba, em Macaé, em protesto contra o anúncio feito pela Petrobrás, na noite da última sexta-feira, de venda de 74 plataformas em todo o País, sendo 14 delas na Bacia de Campos.

De acordo com a entidade, a privatização destas unidades vai retirar da empresa uma receita de US$ 1 bilhão por ano, além de eliminar cerca de 10 mil empregos. “Estamos aqui em Imbetiba fechando todos os acessos para que a categoria petroleira perceba a gravidade deste anúncio. Precisamos enfrentar esses entreguistas e construirmos uma nova greve geral”, afirma o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra.

O também diretor do sindicato, Rafael Crespo, lembra que a gestão da companhia vendeu dutos e refinarias, e agora “quer entregar a última fatia, a plataformas de produção”. Ele alerta que “a luta agora não é por um percentual de aumento, por um benefício, mas pelos nossos empregos”.

Para o diretor Antônio Carlos Pereira, mais conhecido como Bahia, “chegou o momento de unir a todos para o embate”. Segundo ele, “se nós continuarmos passivos, eles vão vender tudo o que existe de bom nesse País, vão sobrar apenas as migalhas, vamos nos tornar um País de pobres e miseráveis”.

O trancaço em Imbetiba começou às 6h e tem previsão de durar até às 9h. Além de Bezerra, Crespo e Pereira, participam os diretores Alexandre Vieira, Benes Júnior, Alessandro Trindade, Sérgio Borges e Valdick Oliveira.

Ainda hoje a diretoria do Sindipetro-NF se reúne em caráter extraordinário para discutir outras formas de luta contra o desmonte da Petrobrás. O assunto também vai ser tratado por representantes de todas as bases do País durante o Confup (Congresso da Federação Única dos Petroleiros), que acontece desta quinta-feira, 3, até o domingo, 6, em Salvador.

Carta aberta do Sindipetro aos companheiros do Norte Fluminense

Até a última trincheira da soberania

Se o povo brasileiro, hoje, se mantém passível ao vergonhoso Golpe de 2016 e todas as suas mazelas, que vai desde compra aberta de parlamentares pela presidência até a entrega escandalosa do patrimônio nacional, como nossas terras, água e petróleo, urge a categoria petroleira aumentar seu protagonismo para, mais uma vez, liderar a população para uma ruptura desse Brasil plutocrático – representado por Michel Temer e Pedro Parente – e a contrução de um país democrático, solidário, tolerante e, sobretudo, igualitário.
 
É emblemático que Temer e Parente queiram, justamente agora que nosso país vive o segundo Golpe em pouco mais de meio século, acabar com as mesmas Plataformas que foram protagonistas nas greves dos anos 80, que culminou na derrubada da ditadura militar que perdurou por 21 anos. A falta de compromisso com a democracia afeta diretamente  o bem estar do povo brasileiro e a sua liberdade e soberania, assim, não é coincidência que Parente queira não só entregar nosso petróleo a preço de banana para seus amigos do mercado – quiçá prestar consultoria para fortuna deles no futuro – mas também destruir a história e o conhecimento dos trabalhadores e trabalhadoras da Bacia de Campos dizimando, assim, o papel da Petrobrás no protagonismo da exploração nas águas do mar. 
 
Sabemos tão bem quanto o alfabeto náutico que as últimas décadas brasileiras só lograram sucessos históricos graças as empresas do Sistema Petrobrás e o compromisso de seus trabalhadores e suas trabalhadoras. Frutos fantásticos como o melhor período de crescimento econômico da Nova República e a diminuição da miséria, representada pela fim da figuração brasileira no mapa da fome da ONU, possuem, sem sombra de dúvidas, as impressões digitais de todos petroleiros e petroleiras. 
 
Se toda essa conjuntura golpista afeta diretamente o Sistema Petrobrás pelas vias de uma onda neoliberal que afunda o país numa espiral de recessão, desemprego e concentração de renda, não há outra alternativa a não ser lutar e resistir. Não haverá, portanto, qualquer tentativa de entrega da Petrobrás, da Transpetro, da BR Distribuidora e demais empresas do grupo – no Norte Fluminese e em todo Brasil – sem que haja a luta petroleira que, sabemos, é a grande responsável pela grandeza do setor petróleo nacional. 
 
Portanto, observem bem o vidro fosco do ônibus que nos transporta ou a porta de vidro que passamos todos os dias para trabalhar. Olhem para a tela do instrumento (no campo operacional ou na bancada de manutenção), para a câmara frontal do celular corporativo ou simplesmente para o primeiro espelho que virem por perto. Em qualquer desses lugares, e em muitos outros espalhados pela nossa empresa, encontraremos o reflexo da última trincheira da soberania nacional: nós. 
 
Não estamos a venda!
 
Até a vitória, sempre.

Macaé, 30 de Julho de 2017

Fonte: Sindipetro-NF