Trabalhadores protestam em frente à Fiesp, apoiadora do projeto de terceirização

15-04-15-fiesp

Trabalhadores e dirigentes sindicais protestam contra o Projeto de Lei 4.330, que amplia a terceirização no país,  em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na avenida Paulista. A entidade, uma das grandes apoiadoras do PL, é considerada por sindicalistas o símbolo do movimento pela retirada de direitos trabalhistas. A manifestação, realizada no final da tarde desta quarta-feira, 15, reuniu centenas de trabalhadores, militantes sociais e sindicalistas. Em várias outras capitais do país, os sindicatos e trabalhadores realizaram manifestações públicas contra o PL 4330.

Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, que participou do ato em frente à Fiesp, o empresário brasileiro não quer criar emprego, mas ganhar dinheiro. “Usa uma desculpa de que o projeto é pra gerar segurança jurídica, e o que eles querem é segurança jurídica pra explorar os trabalhadores, não pagar direitos trabalhistas, aplicar longas jornadas e, com o Projeto 4.330, evitar que isso seja questionada na Justiça.”

Ele criticou também duramente a maioria dos deputados que aprovaram o PL e, em especial, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ). “Nem a ditadura militar ousou em retirar o direito dos trabalhadores com um corte tão profundo como quer fazer o ditador Eduardo Cunha”.Para o presidente da CUT, o fato de o PSDB ontem ter decidido votar contra a terceirização da atividade-fim no serviço público é um sinal claro de que o debate chegou à maioria da opinião pública. “Agora os inimigos dos trabalhadores, o setor patronal nas empresas e no Congresso, não podem mais negar que o projeto não é para regulamentar a terceirização, e sim para acabar com os direitos”.

Vagner lançou um alerta aos parlamentares: “Temos a missão de lembrá-los que a maioria do povo não está no Congresso, mas nas ruas, que ocupamos hoje em todo o Brasil. Nós chamamos esta manifestação em menos de uma semana e muitos diziam que seria fraca. Eles não conhecem nossa companheirada”, afirmou. “Hoje, em todo o Brasil, demos muito prejuízo aos patrões, parando bancos, fábricas, comércio, refinarias… Só assim eles nos entendem, quando mexemos no bolso deles”, completou. E lançou: “Se preciso, faremos uma greve nacional para derrubar esse projeto”.

O presidente da CTB, Adilson Araújo, avalia que o projeto expõe uma “absurda contradição” em relação ao momento atual do país, em que o Congresso anda na contramão, porque permitir a terceirização total vai reduzir a arrecadação de impostos e terá sério impacto na Previdência Social. Para ele, o desejo de todo terceirizado é um dia ser contratado pela CLT ou concursado. O sindicalista diz que o projeto contraria qualquer perspectiva de melhora na vida dos trabalhadores brasileiros.

Para o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Gilmar Mauro disse que o projeto traz para o meio urbano a gravidade de uma situação que já é aplicada no meio rural, que é a ausência de direitos trabalhistas, e a presença do trabalho por produção levado à exaustão. E citou o exemplo dos cortadores de cana-de-açúcar, que ganham por produção e chegam a fazer jornadas exaustivas, deixando muitos doentes em consequência dos esforços, sem conseguir mais trabalhar.

Os sindicalistas ficarão diante da Fiesp até que chegue outro grupo, formado por movimentos sociais, que antes farão um ato no largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste. Professores da rede pública estadual, em greve, também vão irão para a Paulista, após participar de audiência na Assembleia Legislativa.

Fonte: com informações da CUT e da Rede Brasil Atual